Na manhã do último domingo o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou a resolução do escândalo da rede de doping de atletas russos. Após muito suspense, a entidade resolveu não excluir a Rússia dos Jogos Olímpicos do Rio-2016, porém, aplicou punições ao país. Foi definido que cada Federação internacional terá autoridade para aplicar sanções e o COI resolveu ainda impedir a participação de todos os atletas do país que já cumpriram punições por uso de substâncias proibidas.
A partir desta determinação do COI, a Fina anunciou hoje que sete nadadores do time russo não poderão nadar no Rio de Janeiro. Quatro deles por já terem cumprindo suspensões por doping: Mikhail Dovgalyuk, Yulia Efimova, Natalia Lovtcova e Anastasia Krapivina e outros três por terem nomes divulgados no relatório McLaren Report: Nikita Lobintsev, Daria Ustinova e Vladimir Morozov. Este documento foi produzido pelo jurista Richard McLaren a pedido da WADA e foi uma das principais razões para as medidas disciplinares do COI. Morozov, um dos principais adversários de Bruno Fratus nos 50m livre, está fora do Rio-2016.
Morozov nunca foi suspenso ou investigado por uso de substâncias proibidas ao longo de sua carreira, mas sua exclusão dos Jogos Olímpicos aconteceu porque seu nome apareceu no relatório McLaren. Alega-se que testes realizados pelo nadador acabaram desaparecendo nos períodos de coleta e análise. Como a Fina está seguindo a recomendação do COI é praticamente impossível que algum recurso seja aceito, embora o agente de Efimova ter declarado que a nadadora vai recorrer ao tribunal do CAS.
Sem Morozov a Rússia sofre uma grande perda. Top 10 no ranking mundial deste ano nos 50m e 100m livre, o velocista era apontado por muitos especialistas como favorito a pódio nas duas provas, além de ser peça chave nos revezamentos 4x100m livre e 4x100m medley. No Campeonato Mundial de Kazan o russo perdeu o bronze nos 50m livre para Bruno Fratus por apenas um centésimo e é um dos grandes adversários do brasileiro. E com Morozov de fora o revezamento russo 4x100m livre (que foi bronze em Londres-2012) perde seu principal nadador e força diante dos rivais por medalhas.
Outra grande esperança de medalha russa seria Yulia Efimova. Após cumprir uma suspensão por doping entre 2014 e 2015, a nadadora foi pega novamente este ano por uso do medicamento meldonium. No início deste mês a Fina havia retirado as acusações e liberado Efimova para o Rio-2016, mas com essa nova determinação do COI ela está novamente impossibilitada de nadar.
Os próximos dias serão cruciais para os russos. Haverá recursos e apelações contra a determinação da Fina e do COI, mas é muito provável que não sejam aceitas. Um duro golpe para a natação do país que sem dois de seus principais favoritos ao pódio corre o risco de voltar para Moscou sem medalhas no peito. Para um país que já foi representado por lendas da natação como Vladimir Salnikov, Alex Popov e Denis Pankratov, a vergonha é imensamente dolorosa.
Por Guilherme Freitas