Novamente foi com emoção, na batida de mão. E de novo com final feliz: Ana Marcela Cunha faturou mais uma medalha de bronze no Campeonato Mundial de Budapeste-2017, desta vez nos 5 km. A brasileira, como ela mesmo revelou ao fim da meia maratona, fez uma prova controlada para ir crescendo progressivamente ao longo do percurso e chegar com bastante energia na reta final e lutar por um lugar no pódio. A razão para adotar essa estratégia tem uma inspiração: o campeão olímpico e mundial Ferry Weertman, que ontem triunfou nos 10 km.
“Depois do bronze nos 10 km vim mais confiante para encarar esta prova. Mas nadei um pouco diferente das minhas características. Normalmente procuro nadar sempre na frente ao longo de todo o percurso, mas hoje comecei mais a atrás para ir crescendo. Passei a primeira volta mais tranquila e depois apertei. Ontem assisti a prova masculina dos 10 km e vi a tática do Ferry Weertman. Ele acabou servindo como um espelho para mim e consegui chegar muito bem e ganhar mais uma medalha o que me deixa feliz. Agora vamos que vamos no revezamento e nos 25 km”, disse Ana Marcela ao SporTV.
Assim como o holandês, ela chegou disputando de forma acirrada a medalha de bronze justamente contra a compatriota de Weertman, a campeã olímpica Sharon van Rouwendaal que após um discreto 16º lugar nos 10 km nadava com muito empenho para subir ao pódio nos 5 km. Porém, na chegada Sharon não conseguiu superar uma embalada Ana Marcela que acabou sendo um centésimo mais rápido na hora de tocar o pórtico. O resultado inicialmente foi para o photo finisher, mas nem havia motivos para muita discussão já que as imagens da TV mostravam de forma clara que a brasileira havia tocado primeiro.
Um pouco a frente das duas estava a bicampeã mundial dos 10 km Aurelie Muller que adotou a mesma estratégia da prova que venceu no último domingo, nadando forte do início ao fim. A tática, porém, não deu certo hoje. Mesmo tendo liderado boa parte do percurso ela cansou no quilometro final e foi ultrapassada pela americana Ashley Twichell que após bater na trave várias vezes finalmente conquistou seu primeiro título mundial tocando na frente após 59min07s0 de prova. Betina Lorscheitter foi a outra brasileira nesta prova chegando um pouco depois do primeiro pelotão de nadadoras e finalizando na 20ª colocação. O resultado completo pode ser visto aqui.
Esta foi a segunda medalha de Ana Marcela Cunha no Mundial de Budapeste. O segundo bronze. Foi inclusive, o segundo pódio que ela alcança na prova dos 5 km em Mundiais (também havia sido bronze em Barcelona-2013). A oitava medalha ao todo nos Campeonatos Mundiais da Fina, ampliando ainda mais seu recorde. Nenhum atleta brasileiro é tão medalhado quanto Ana Marcela Cunha nesta evento. E essa marca ainda pode aumentar pois ela tem pela frente os 25 km (onde defende seu título mundial) e o revezamento de 5 km por equipes com os companheiros Viviana Jungblut, Allan do Carmo e Fernando Ponte.
O redator da SWIM CHANNEL Daniel Takata havia escrito logo após o fim da prova de 10 km no domingo passado que Ana Marcela era uma hipérbole ambulante devido ao fato de ter aprendido a se reinventar e pela relevância de seus feitos. Hoje ela adicionou mais uma conquista a esse premiado currículo e adotando uma nova estratégia de prova, mostrando que pode continuar se reinventando ainda por muito tempo. E deixamos aqui uma pergunta: qual será a cor de seus cabelos nas próximas provas? Domingo estava loiro, meio descolorido. Hoje roxo. Será que ela levou para Budapeste do tom dourado? Esperamos que sim.
Por Guilherme Freitas