É o segredo menos bem guardado nos desportos aquáticos da Europa: António José Silva é candidato e mais que provável próximo presidente da Liga Europeia de Natação. A sua candidatura oficial será feita próximo da hora de almoço (hora de Portugal, +3h que no Brasil), segundo SWIM CHANNEL apurou.
O presidente da Federação Portuguesa de Natação (que está já no terceiro e último mandato de quatro anos – a lei portuguesa não permite mais) lidera desde o início de novembro o movimento ‘Europe 4 All Aquatics’, (ver comunicado em baixo) que na assembleia geral extraordinária da LEN, marcada para 5 de fevereiro de 2022 em Frankfurt (Alemanha), irá desafiar a presidência do italiano Paolo Barelli, alvo de inquéritos das autoridades fiscais da Suíça (onde a LEN tem sede), e críticas de vários representantes das federações europeias, que o acusam de má ‘governance’ (gestão).
Aliás, António Silva – que contactei mas não quis prestar declarações antes que o Mundial de Abu Dhabi terminasse – já terá do seu lado 40 dos 52 países que compõem a organização europeia. Ou seja, tudo bem encaminhado para uma vitória do português de 52 anos, natural de Moçambique, e também ele ex-nadador e treinador em Portugal.
Se tal suceder será a primeira vez que um português chega à presidência da mais alta instância europeia dos desportos aquáticos, tendo já tido um diretor executivo durante alguns anos, o também ex-presidente da FPN e nadador bi-olímpico, Paulo Frischknecht.
Sobre a equipa que apresentará hoje e o acompanhará na LEN – caso seja eleito – não quis adiantar nomes; mas é muito provável que o representante da federação croata, Varvodic Josip (ver foto abaixo) que o tem acompanhado desde o início deste processo seja um dos elementos da lista.
Segundo apurei, também federações como a alemã, francesa, russa, grega e suíça estarão com a dupla que lidera esta ‘revolta na Bounty’, porventura pouco expectável há um ano atrás, pois o atual presidente da LEN (e também da Federação Italiana), Paolo Barelli, foi reeleito para mais quatro anos de mandato no cargo europeu em novembro de 2020, vencendo o francês Gilles Sezionale, com 86 votos a favor e apenas 13 contra.
Mas no último congresso da LEN no final de setembro, o relatório financeiro foi inicialmente aprovado com 47 votos a favor e 43 contra (e duas abstenções), para, após ser pedido um voto de confiança na direção, o resultado ser contrário: 46 votos a expressarem a sua falta de confiança na atual direção (‘board’) da LEN, enquanto 44 votaram a favor da atual liderança (duas abstenções).
Escrevi na minha conta de Instagram há dois dias que António Silva será – a confirmar-se a sua eleição – como que o ‘braço’ do presidente da Federação Internacional (FINA) na Europa. Eleito em junho, o capitão natural do Kuweit, Husain al Musallam, prometeu reformas firmes e mudanças de 180º na poderosa organização mundial de desportos aquáticos, cujos escândalos e ‘casos’ estavam a fazer perder credibilidade aos desportos aquáticos, por oposição aos excelentes resultados de atletas e técnicos, duma das modalidades mais queridas (e com maior audiência) em Jogos Olímpicos.
Claramente, a ‘revolução’ em curso na FINA (e com novas medidas pela transparência aprovadas há dias no congresso da FINA em Abu Dhabi), chegará à Europa via LEN, e por intermédio de António Silva, muito próximo do presidente Musallam, e também ele membro do ‘bureau’ (direção) da FINA.
Concluo com aquilo que a candidatura do Prof. Dr. António Silva (porque é professor catedrático na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Vila Real), considera serem os pilares essenciais da candidatura:
- Integridade: uma boa ‘governance’ (gestão, governo)
- Programas de apoio aos desportos aquáticos
- As várias disciplinas aquáticas
- Receitas e reestruturação da LEN
A LEN à beira de iniciar um novo caminho, que esperemos seja mais pacífico e favorável às disciplinas aquáticas europeias. Dentro de pouco tempo conheceremos mais pormenores.