por Artur Pedroza *
Sabemos, claro, que as provas de águas abertas são para serem nadadas. As provas oficias da FINA, da CBDA, são com largada e chegada na água, sem corrida. Mas em provas populares, como Rei e Rainha do Mar, XTERRA, Travessia do Canal de Ilhabela, Circuito Mares entre outras, a largada e/ou a chegada acontecem na areia, assim os atletas têm que fazer pequenas corridas. Inclusive em sua cartilha, a FINA reconhece a existência deste tipo de prova.
Os motivos destas pequenas corridas na largada, chegada e até entre uma volta e outra do percurso são variados e justificáveis. Em provas oficiais, dificilmente há a quantidade de atletas que tem em algumas destas provas populares, são mil, dois mil nadadores até, e ficaria difícil todos passarem por um pórtico dentro da água, até porque tem um momento que chegam muitos atletas juntos e fica complicado passar tantos nadadores por um espaço reduzido dentro da água.
Outro motivo é a divulgação de marcas dos patrocinadores. A natação em águas abertas, diferente de outros esportes, não tem onde colocarmos as marcas além da touca (que fica bem pequeno) e nas boias. Os pórticos de chegada na areia são pontos importantes para as marcas que apoiam nosso esporte aparecerem tanto para o público presente quanto nas fotos de largada e chegadas dos atletas.
E isso é bom para quem faz tanto as provas populares como as provas regra Fina. Um esporte mais popular e com mais espaço na mídia é bom para todos que vivem do esporte. As provas que seguem a regra Fina são extremamente importantes para o desenvolvimento do esporte de alto rendimento, mas as provas populares com as suas adaptações também são importantes.
E, por último, há também a interação com o público que estão na praia para prestigiar o evento. Nós que competimos sabemos da energia diferente que é chegar com os aplausos do público ou ir para uma outra volta com o incentivo dos que estão na areia.
Mas também entendo que muitos não gostam de correr e ouço muito as frases “sou nadador e não corredor” e “posso me machucar na corrida”. Sim, mas a corrida e caminhada são coisas naturais a nós seres humanos. Machucar pode ser numa corrida na areia ou numa pequena corrida do dia a dia, como para alcançar um ônibus ou diversas outras situações.
E quanto às competições, há muitas opções, cada vez mais, que estão aí para todos. Todas as provas têm regulamento e o atleta ao se inscrever ele pode escolher se fará a prova com essa pequena corrida na areia ou se escolherá uma outra prova que a saída e chegada é na água. É uma escolha pessoal e após se inscrever e clicar lá que aceita o regulamento, ele também está aceitando estas regras de largada e chegada.
A partir deste momento chegamos em outro aspecto: me inscrevi numa prova com largada e/ou chegada na areia, e agora? Agora é treinar. Esta pequena corrida, assim como a saída e entrada na água também é TREINÁVEL! Podemos treinar como sair com um mar mais calmo, com um mar com ondas, em uma praia rasa, em uma praia de tombo etc.
Abaixo, algumas dicas para fazer esta transição da corrida/natação e natação/corrida com mais eficiência:
➡️ Durante os treinos de natação, incluir pequenas corridas (de preferência na praia);
➡️ Pegue algum dia da semana para fazer treinos entrando e saindo da água, treinando também a golfinhada;
➡️ Golfinhada: vale a pena fazer quando já está raso para nadar, mas ainda está fundo para correr (acima do joelho) e longe da areia.
➡️ Vale a pena parar de nadar quando a mão tocar a areia, aí pode começar a golfinhar ou a correr;
➡️ Na hora de começar a correr na água, o bom é levantar bem o calcanhar e o joelho;
➡️ Antes da prova, verificar como é a praia e o terreno no local de saída da água, se é raso, fundo, lamacento, se tem pedras e se há ondas que podem pegar “jacaré”;
➡️ Sempre que treinar a saída da água, pegue uma referência em terra para assim treinar a corrida e também a navegação.
➡️ Se a corrida for de transição, no meio da prova, vale a pena dosar o ritmo da corrida, controlar a respiração para voltar a nadar. Já se for um final de prova, vale dar o máximo para garantir sua posição e chegar com aquela sensação boa de ter feito o seu melhor.
A natação em águas abertas ainda tem muito a ser explorado. A diversificação, como por exemplo, as provas de revezamento, mostram bem isso. O mais importante é fazer tudo com segurança.
BONS TREINOS!!
* Artur Pedroza é professor de natação, coordenador da equipe Resende Águas Abertas e nadador de águas abertas
Eu acharia mais interessante que as provas olímpicas tivessem chegada fora da água também…