Não, ontem não foram ‘fake news’ as notícias que afirmaram que o incrível Diogo Ribeiro conquistou a primeira medalha para Portugal em Campeonatos do Mundo. Foi mesmo verdade.
Isto porque estávamos a referir-nos a ‘esta’ competição, o Mundial de longa, cuja 20ª edição decorre em Fukuoka até domingo.
Mas é importante (muito mesmo) não esquecermos a história, a nossa história, e recordarmos o que outros grandes nomes da modalidade já conquistaram ao longo de décadas; e fiquei a pensar nisso, que é de toda a justiça recordar às novas gerações que p.e., dois anos antes do Diogo nascer, um tal de José Guilherme Couto (n. 1978) também já fora medalha de prata num Mundial, mas de curta.
A piscina longa prevalece sobre a piscina curta? Sim, não parece haver qualquer dúvida; mas por uma razão principal: os Jogos Olímpicos são em piscina longa (50 metros), e por isso se diz que uma piscina desta dimensão é ‘olímpica’.
Mas também isso, poderia ser debatido, o porquê de as provas serem em 50 metros, e não p.e. em 50 jardas (33 metros), como é comum nos EUA…Ficará para outra oportunidade essa avaliação histórica.
Escrevo este artigo sem sentir necessidade de fazer comparações, sem adjetivar os atletas (Ribeiro, Yokochi, Couto…) de ‘o melhor de sempre’, ou ‘segundo melhor de sempre’. Eles (e elas) foram ‘apenas’ extraordinários, e devemos orgulhar-nos muito dos seus feitos; cada um no seu tempo e com as condições humanas e materiais disponíveis à época, e com a ciência (as ciências) que havia e se conhecia.
Mas o importante é não termos memória curta, sabermos honrar o passado, em especial os/as atletas e técnicos que conquistaram tantas e importantes medalhas para Portugal.
O quadro refere-se só às medalhas em piscina, mas – porque tantas vezes esquecidos – não quero deixar de recordar as importantíssimas medalhas em Campeonatos Europeus de águas abertas de Arseniy Lavrentyev (Sport Algés e Dafundo), prata aos 25k em 2012, e de Angélica André (FC Porto), bronze aos 10k em Roma 2022, ou ainda o título europeu júnior de Mafalda Rosa (Clube de Natação de Rio Maior) em 2021 (10k).
20 das principais medalhas na história da natação portuguesa de piscina (notas em baixo)
Medalha Competição atleta Prova Local/ano
Prata CMP Longa Diogo Ribeiro (SLB) 50M Fukuoka ’23
Prata CMP Curta José Couto (CN Amadora) 50B Moscovo ‘02
Prata CEP Longa Alexandre Yokochi (SLB) 200B Sofia ‘85
Bronze CEP Longa Diogo Ribeiro (SLB) 50M Roma ‘22
Bronze CEP Longa Gabriel Lopes (Louzan) 200E Roma ‘22
Ouro JM Universit. Alexandre Yokochi (SLB) 200B Zagreb ’87
Prata JM Universit. Alexandre Yokochi (SLB) 200B Kobe ’85
Bronze JO Juventude Ana P. Rodrigues (SJ Madeira) 50B Singapura ‘10
Ouro CM Juniores Diogo Ribeiro (SLB) 50M Lima ‘22
Ouro CM Juniores Diogo Ribeiro (SLB) 50L Lima ‘22
Ouro CM Juniores Diogo Ribeiro (SLB) 100M Lima ‘22
Bronze CEP Longa Alexis Santos (SCP) 200E Londres ‘16
Prata CEP Curta José Couto (Sporting) 200B Lisboa ‘99
Prata CEP Curta José Couto (Sporting) 100B Lisboa ‘99
Bronze CEP Curta Diogo Carvalho Galitos) 200E Herning ‘13
Bronze CEP Curta Diogo Carvalho Galitos) 200E Netanya ‘15
Ouro CE Juniores Ana Francisco (União Piedense) 200M Genebra ‘95
Ouro CE Juniores Diana Gomes (ABV Estoris) 100B Budapeste ‘05
Ouro CE Juniores Diana Gomes (ABV Estoris) 200B Budapeste ‘05
Ouro CE Juniores Tamila Holub (SC Braga) 1500L Hodmezovasarhely ‘16
Notas: o critério pode ser questionado, mas escolhi as consideradas universalmente como principais competições: Mundial de longa, Mundial de curta, Europeu de longa, Europeu de curta, Jogos Mundiais Universitários, JO da Juventude, CM Juniores. Em CE Juniores (em longa claro, entre 1976 e 2021) conquistámos 26 medalhas, por isso optei pelas quatro de ouro, todas em mulheres.