No fim do ano passado a italiana Federica Pellegrini anunciou sua aposentadoria e foi bastante homenageada em seu país. Sem compromissos competitivos ela revelou em uma entrevista ao famoso jornal italiano La Repubblica, que segue nadando. Mas apenas uma vez e aos finais de semana para manter a forma física e como um passatempo. Ela ainda brincou dizendo entender o porque de ter deixado a natação profissional quando cai na água ao lado de seus ex-colegas de equipe.
Além de seus treinos esporádicos, este ano, Pellegrini fez sua estreia como integrante da Comissão de Atletas do Comitê Olímpico Internacional (COI). Ela participou de reuniões e de cerimônias de premiação nos Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim. “Há muitas coisas que a Comissão de Atletas faz, vai fazer e que podem ser melhoradas. Trabalhando muito na informação para os próprios atletas, fazendo com que saibam que no COI e no movimento olímpico existem pontos estratégicos que podem ajudar a enfrentar um evento tão estressante do ponto de vista emocional e mental”, falou a italiana que foi campeã olímpica na mesma Pequim há 14 anos.
Pellegrini participou de cinco Olimpíadas disse também ser importante fazer com que os atletas se sintam acolhidos e amparados. “O bem-estar psicológico é crucial, não vamos descobrir agora, embora pareça ter se tornado um tema apenas neste verão, quando muitos falaram sobre isso começando com Simone Biles. E depois muito tem de ser feito a favor da igualdade de oportunidades”, afirmou.
Como novo membro do COI, ela analisou a participação das mulheres nesse e em outros cargos importantes. “Ao avançar na carreira, as mulheres têm menos oportunidades e não só no esporte. Vimos os números de Tóquio: mesmo percentual de atletas presentes e medalhas conquistadas entre um gênero e outro. O problema é então quando você olha para as colunas que medem a presença de mulheres e homens em outros cargos, desde árbitros, presidentes de federações e comitês olímpicos até os treinadores”, comenta.
Pellegrini conta que o dado impressiona: apenas 10% desses cargos são de mulheres. “O que acontece entre o antes e o depois? Lendo esses dados, também estava pensando na minha natação: no nível básico, digamos para um absoluto, na Itália apenas 5% são treinadoras. E subindo nas categorias competitivas, os números diminuem”, finaliza a italiana que é uma das mais populares mulheres e atletas de seu país.