Faltam duas semanas para a seletiva olímpica de maratona aquática que vai definir os dois brasileiros classificados para o pré-olímpico internacional dos Jogos de Tóquio. No próximo dia 6 de março os melhores nadadores do país estarão em ação em Salvador de olho nessas duas preciosas vagas. Um desses candidatos nadou poucas vezes em águas abertas, mas é tido por muitos como um dos atletas com mais chances de terminar entre os dois primeiros colocados. Seu nome? Guilherme Costa.
O atleta é hoje o melhor fundista da natação brasileira em piscina com o título pan-americano em Lima-2019 e os recordes sul-americanos nos 400m, 800m e 1500m livre no currículo. Porém, o Cachorrão quer mostrar que também pode ser competitivo nas águas abertas e esta bastante confiante para conseguir a vaga para o Tóquio. A SWIM CHANNEL conversou com o nadador que segue focado e treinando duro para se classificar tanto na piscina, quanto nas águas abertas.
SWIM CHANNEL: O que te fez despertar a vontade de nadar a seletiva?
GUILHERME COSTA: A minha vontade despertou no Rei e Rainha do Mar que nadei em 2018. Gostei bastante e depois nadei em 2019 também, além de uma prova em Minas onde fui bem. Então, acho que ali nasceu a vontade de poder nadar mais vezes, só que nunca dava pra nadar por causa do calendário que não me ajudava muito, mas agora neste ano deu.
SWIM CHANNEL: O que seu técnico achou de sua participação?
GUILHERME: Ele [Rogério Karfunkelstein é o técnico de Guilherme] gostou da ideia. Ele ama desafios assim como eu, e acha que vai ser uma boa oportunidade pra mim, por ter mais uma prova e em mais uma modalidade. O Rogério acha que pode dar certo pra mim no futuro.
SWIM CHANNEL: E qual sua visão atual sobre a modalidade de águas abertas?
GUILHERME: Eu acho que as águas abertas mudaram um pouco a nível mundial nesses últimos anos, porque tem vários caras de piscina nadando, como o Florian Wellbrock e o Gregorio Paltrinieri. Acho que no último Campeonato Mundial tiveram uns quatro ou cinco nadadores de piscina entre os dez classificados para Tóquio. Então eu acho que tá mudando um pouco e isso me dá mais vontade ainda de nadar.
SWIM CHANNEL: Quais são suas experiências nas águas abertas?
GUILHERME: A minha experiência nas provas de águas abertas são poucas. Nadei duas edições do Rei e Rainha do Mar e a principal prova que nadei na minha opinião foi uma em Minas, por ter tido a chance de nadar contra o Paltrinieri e uns italiano. Naquela ocasião eu fui muito bem, em segundo lugar e cheguei bem perto do Paltrinieri. Acho que foi a principal prova que eu nadei, tinha 7,5 km de percurso e também foi a maior distância que nadei.
SWIM CHANNEL: Você já tem alguma estratégia para a prova da seletiva olímpica?
GUILHERME: Já tenho uma estratégia sim. Falei com o Rogério e com a Marcela Amar, que é minha nutricionista. Ela já definiu minhas garrafinhas para a prova e vou beber a cada volta. Quero não ter tanto contato físico durante o percurso e evitar ficar muito no bolo. Pretendo ficar um pouco afastado e usar bem o meu nado, minha velocidade. Então acho que o quanto mais livre ficar, melhor pra mim.
SWIM CHANNEL: Fez adaptações no seu treino? Seu foco se mantém na piscina?
GUILHERME: Eu fiz poucas adaptações. Meu treino continua o mesmo praticamente porque meu volume já é bem alto. Rodo 90 km por semana em média e as vezes até 100 km. Então o volume já é bem alto e dá para aguentar tranquilo os 10 km. Alguns treinos eu trabalho um pouquinho a respiração pra frente e acabei até me sentindo muito bem. As vezes eu estou fazendo um pouco melhor até, respirando mais pra frente do que o normal. Creio que terei que treinar um pouquinho mais a hidratação e fazer alguns testes. Vou nadar no mar uns três dias ainda até a seletiva, além de testar o traje também.