(texto originalmente publicado no site Esportístico – www.esportistico.com.br)
Terminou ontem, em Budapeste, na Hungria, a 7ª edição do Campeonato Mundial Júnior de Natação.
O evento é disputado por nadadores de 15 a 18 anos, no masculino e de 14 a 17 anos, no feminino.
Alguns resultados realmente impressionaram.
Como, por exemplo, os dois recordes mundiais júnior individuais obtidos no masculino, com o croata Franko Grgic nos 1500m livre com 14min46s09 e o grego Apostolos Papastamos nos 400m medley com 4min11s93.
Entre os brasileiros, o melhor resultado foi obtido por Murilo Sartori, uma das maiores revelações do país nos últimos tempos. Ele terminou com a medalha de bronze nos 200m livre com 1min47s39.
Bons resultados também para Bernardo Bondra, 5º colocado nos 100m borboleta com 52s37, e para os revezamentos 4x100m e 4x200m livre e 4x100m medley masculinos, todos finalistas.
É inegável a evolução do evento como um todo. A cada edição, desde a primeira disputada em 2006, observamos marcas mais fortes e que por vezes se aproximam de ótimos tempos da categoria adulta.
Nesse post, trazemos uma análise comparando os tempos obtidos pelos nadadores nesse Mundial Júnior com tempos necessários para conquistar medalhas em Jogos Olímpicos. Até qual edição olímpica os nadadores desse Mundial subiriam ao pódio? Assim, podemos ter noção da qualidade das provas disputadas.
Comparando os tempos para chegar ao pódio no Mundial Júnior com pódios de Jogos Olímpicos
Nos 200m livre masculino, por exemplo, em que Murilo ficou com o bronze, com seu tempo de 1min47s39, ele teria sido medalhista em todas as edições de Jogos Olímpicos até 1996 – teria vencido essa, inclusive. Ficaria em 5º em 2000 e 6º em 2004, e a partir daí seu tempo não seria mais suficiente para alcançar as finais da prova.
Murilo, inclusive, teria chegado à frente de Gustavo Borges, que levou a prata em 1996.
No masculino, em duas provas o atleta que terminou com o bronze nesse Mundial teria vencido sua respectiva prova em Sydney-2000: 100m borboleta e 200m peito. E, desses atletas que terminaram com o bronze agora, dois teriam sido finalistas olímpicos de 2008 em diante: 400m livre (em 2012) e 100m peito (2008).
Já no feminino, o pódio mais forte foi o dos 100m costas: a terceira colocada teria vencido todas as Olimpíadas até 2004. Também é uma das poucas provas em que o bronze neste Mundial conseguiria final em 2008, ao lado de 100m e 200m peito e 100m borboleta. Aliás, o bronze dos 100m peito é a única prova que pegaria pódio em 2008, também um bronze.
Comparando os tempos dos vencedores do Mundial Júnior com pódios de Jogos Olímpicos
Em relação aos tempos que renderam medalhas de ouro nesse Mundial Júnior, há algumas provas que levariam a medalha de ouro em na Olimpíada de Atenas-2004: no masculino, 100m costas, 100m peito, 200m peito e 100m borboleta; no feminino, 100m livre, 200m livre, 800m livre, 100m costas e 100m borboleta.
Dessas, somente nos 800m livre e 100m peito feminino as vencedoras juniores de agora teriam conquistado medalhas em Pequim-2008.
E, em 2012, somente um pódio: os 100m borboleta masculino.
Realmente, tempos fortíssimos nessas provas: 8min22s49 da australiana Lani Pallister nos 800m livre, 1min06s93 da russa Evgeniia Chikunova nos 100m peito e 51s25 do russo Andrei Minakov nos 100m borboleta.
Minakov teria ficado atrás somente de Michael Phelps em 2008. E, em 2004, teria empatado com a medalha de ouro com o fenomenal americano.
Mas sua melhor marca, obtida anteriormente, já está próxima das melhores marcas de Phelps sem uso de trajes tecnológicos (mais sobre isso a seguir).
Nenhuma dessas marcas representou recorde mundial júnior, afinal os nadadores que detêm os recordes foram fenômenos de suas faixas etárias: nada menos que as campeãs olímpicas Katie Ledecky e Ruta Meilutyte e o campeão mundial Kristof Milak.
Avaliando os tempos dos vencedores do Mundial Júnior no ranking mundial 2019
Com sua marca nos 1500m, o croata Franko Grgic está em 6º no ranking mundial deste ano. Seu resultado realmente impressionou e é a melhor posição no ranking obtida por um nadador nesse Mundial.
A marca de Andrei Minakov nos 100m borboleta o teria deixado na 8ª posição do ranking, mas ele já fez melhor esse ano: com 50s83 (recorde nacional adulto), ele está em 3º e já é uma realidade, pois foi prata no Mundial adulto deste ano.
Nos 400m medley, o grego Apostolos Papastamos fica em 7º no ranking mundial com seu recorde mundial júnior da prova.
No feminino, a australiana Lani Pallister está em 8ª no ranking dos 800m livre com o resultado do Mundial Júnior, e é a única a entrar entre as 10 do mundo entre as mulheres com seu tempo da competição.
A russa Evgeniia Chikunova teria ficado em 17º no ranking com seu tempo nos 200m peito, mas, assim como seu compatriota Minakov, ela já mostrou estar em um nível acima: tem o 3º tempo do mundo com a marca feita no Europeu Júnior com 2min21s07, recorde nacional adulto.
Como se vê, alguns resultados são muito expressivos já considerando a categoria adulta.
E a evolução do esporte faz com que muitos nadadores da categoria júnior consigam hoje marcas que representariam medalhas olímpicas há não muitos anos.
Por Daniel Takata