A natação portuguesa não deverá estar presente no 16º Mundial FINA de piscina curta, em dezembro, dada as exigências dos critérios de apuramento.
A competição realiza-se entre 13 e 18 do último mês do ano na cidade australiana de Melbourne, e reunirá 700 atletas de 180 países (sendo o primeiro Mundial no país desde 2007), mas dificilmente contará com atletas nacionais, considerando alguns treinadores haver “mais prejuízos que benefícios nesta participação”, segundo declararam a Swim Channel.
O Mundial de curta (25 metros) tinha sido atribuído pela FINA em 2017 à cidade russa de Kazan, mas devido à invasão da Ucrânia e da proibição de participação internacional de atletas russos e bielorussos, a organização (mais uma) foi retirada ao país de Vladimir Putin, e atribuída à Austrália.
Assim, a FPN decidiu que “na sequência da mudança de local deste evento e em resultado da avaliação técnica dos critérios previamente estabelecidos no PAR [Plano de Alto Rendimento] Natação Pura 2022 (…) decidiu homologar (…) em 14 de outubro de 2022 os novos critérios apresentados pela Direção Técnica da Natação pura, sob proposta do Treinador Nacional Alberto Silva”, pode ler-se em comunicado recente da FPN.
Um ano e 8 meses para Paris-24
A decisão da larga maioria dos treinadores de alto rendimento de Portugal – que conheceu em 2022 o melhor ano da sua história – era esperada, e é compreensível, atendendo ao calendário pré-Paris 2024: num ciclo olímpico de apenas três anos, e quando faltam quase um ano e meio para os Jogos Olímpicos, ninguém quer arriscar e comprometer a penúltima época para obtenção dos difíceis mínimos, cujo período inicia a um de março de 2023.
Por outro lado, uma das apostas principais para a obtenção de mínimos para Paris nesta época será o competitivo 20º Mundial FINA em piscina longa, de 14 a 30 de julho, na cidade japonesa de Fukuoka.
“Os critérios são muito apertados, (…) e perde-se 15 dias de treino entre viagens…”, referiu um experiente técnico luso, reforçando o cuidado que os nossos técnicos e atletas estão a ter para com a preparação dos melhores de Portugal.
Outro treinador reforçou que com “dois meses de treino era impossível estar muito bem para cumprir [os critérios] em piscina de 25m, e por esse motivo não vamos ao mundial”.
‘Constragimentos fortes na preparação’
A FPN acrescenta no comunicado: “considerando que o novo local de prova poderá provocar constrangimentos muito fortes num Plano de preparação que vise a obtenção de mínimos olímpicos em Março de 2023, é condição indispensável para participação que esta competição [Mundial] esteja integrada no plano de preparação para a época 2022-2023 que foi apresentado ao Treinador Nacional até 15 de setembro”, além de lançar como ambicioso objetivo a “classificação [entre os] 8 primeiros” lugares em Melbourne.
Assim: “para além da obtenção do mínimo A definido pela FINA para a prova [Mundial] os nadadores terão obrigatoriamente que somar no conjunto de duas provas 1700 pontos FINA (tabela 2022) em Piscina Longa, ou 1720 pontos FINA (tabela 2022) em Piscina curta, não havendo soma de pontos em piscinas distintas; o somatório só é válido nas seguintes competições: Europeu de Roma e Meeting do Algarve a disputar em Albufeira de 11 a 13 de novembro 2022. No caso de empate nas pontuações irão prevalecer os pontos obtidos em Piscina Longa”.
A FPN finaliza com a informação de que “o limite de participantes serão até ao máximo de 6 atletas”, independentemente do sexo.
Ou seja, só seriam ilegíveis – em teoria – os 10 atletas que estiveram no Europeu absoluto de Roma em agosto, e que obtiveram duas medalhas de bronze, nove finais e 10 recordes absolutos de Portugal, além de 15 meias-finais.
Gabriel Lopes conquista a segunda medalha para Portugal no Europeu – Swimchannel
Os atletas de Roma foram: Ana Catarina Monteiro (Fluvial Vilacondense), Ana P: Rodrigues (ED Viana), Camila Rebelo (Louzan), Diana Durães (SL Benfica); Rafaela Azevedo (Algés/CAR), Tamila Holub (SC Braga), Diogo Ribeiro (SL Benfica/CAR), Francisco Santos (Sporting), Gabriel Lopes (Louzan), e João Costa (Vitória de Guimarães).
A este lote de potenciais candidatos ao sonho olímpico parisiense (natação de 27 de julho a 4 de agosto de 2024; pela primeira vez serão nove dias de provas), junta-se legitimamente Miguel Nascimento (SL Benfica/CAR), que em julho entrou para a história como o primeiro português a nadar os 50m livres em menos de 22 segundos (21,90, dentro do mínimo olímpico, mas ainda fora do período para a sua obtenção).
Outros valores grandes da natação portuguesa quererão também perseguir os mínimos, como o fantástico José Paulo Lopes, e porque não Mariana Cunha (Colégio Efanor) ou Raquel G. Pereira (SL Benfica), além dos vários candidatos e candidatas às estafetas, uma das apostas da atual direção técnica da FPN.