Em Copas do Mundo foi inédito, a medalha de prata conquistada por Viviane Jungblut, Ana Marcela Cunha, Luiz Felipe Loureiro e Leonardo Macedo na Copa do Mundo de Hong Kong em provas de revezamento entra para a história das águas abertas do Brasil como mais uma, a quarta, no retrospecto do país na modalidade em eventos mundiais. Cada uma teve a sua história, e algumas particularidades que aqui contamos.
2013, Mundial de Barcelona, bronze
Nossa primeira medalha em provas de revezamento foi comemorada, marcou uma campanha incrível, mas o Brasil teve de brigar para ela não entrar na contagem de pontos da competição. A explicação é que o regulamento estava mal redigido e a prova de revezamento não havia sido incluída, quem identificou isso foi o então chefe da equipe brasileira Igor Souza. O Brasil fazia uma campanha fantástica, eram quatro medalhas até então, incluindo um ouro de Poliana Okimoto nos 10 quilômetros com direito a dobradinha de Ana Marcela.
Mas porque brigar por não contar os pontos do revezamento? A Alemanha venceu a prova de revezamento, a Grécia chegou em segundo e o Brasil dois décimos atrás dos gregos ficando com o bronze. Se os pontos desta prova fossem contados, a Alemanha seria a campeã da modalidade, com o protesto feito por Igor de Souza, o Brasil levou o título. Vale destacar que a partir do Mundial seguinte a prova de revezamento entrou para o regulamento.
O bronze do Brasil foi conquistado pela equipe formada por Allan do Carmo, Samuel de Bona e Poliana Okimoto marcadno 54 mintutos, três segundos e cinco décimos. O revezamento na época era disputado com os três atletas nadando juntos os 5 quilômetros e com saídas em tempos diferenciados.
2014, Mundial Júnior, bronze
Na segunda edição do Campeonato Mundial Júnior de Águas Abertas, o lago Balatonfuered, na Hungria, viu a primeira e única medalha da história do Brasil na competição. E foi na prova de revezamento, Marcus Silva, Yagoh Kubagawa e Viviane Jungblut chegaram na terceira colocação.
Viviane também conseguiu naquele Mundial a 5a colocação na prova dos 7,5 quilômetros, até hoje a melhor colocação feminina do Brasil na competição. A sua frente a britânica Alice Dearing, no quarto lugar, ela que se tornaria a primeira mulher negra olímpica da natação britânica ao participar da Olimpíada de Tóquio 2020.
O revezamento dos 3K do Mundial Júnior também foi disputado no mesmo formato da nossa primeira medalha, três atletas, nadando juntos e com saídas escalonadas por sorteio. Apenas a diferença na distância a ser cumprida em relação ao Mundial Absoluto.
2015, Mundial de Kazan, prata
Outra medalha e também veio com polêmica. O revezamento de 5 quilômetros foi disputado da mesma forma, três nadadores, nadando juntos e com saída escalonada, e pela última vez. O sistema de cronometragem da então FINA não funcionou de forma adequada e o “jeitinho” foi dar a prata empatada para Brasil e Países Baixos, com o ouro para a Alemanha.
A vitória alemã foi incontestável, mas o tempo do Brasil foi abaixo do alcançado pelos nerlandeses. Tal fato foi abordado na época na transmissão do SporTV. A FINA “perdeu” o tempo do Brasil e não teve outra alternativa em dividir a prata com os Países Baixos.
Allan do Carmo, Diogo Villarinho e Ana Marcela Cunha no time da prata empatada de Kazan 2015.
2024, Copa do Mundo de Hong Kong, prata
Os revezamentos das águas abertas mudaram, aumentaram três para ser quatro nadadores, deixaram de ser todos nadando juntos para executarem a prova em forma de troca de atletas e também mudança de distância. A mudança de três para quatro já veio no Mundial de Budapeste em 2017, onde todos passaram a nadar juntos. Em 2021, a mais recente mudança do revezamento, a distância que deixou de ser 5k para ser quatro nadadores para 1,5K fazendo 6 quilômetros de prova.
2024 é a terceira temporada que a prova é disputada no Circuito da Copa do Mundo e Hong Kong veio a primeira medalha do Brasil. Depois de passarmmos em branco nas provas de 10 quilômetros no dia anterior, onde havia um risco da chegada de um ciclone tropical, o Brasil caiu na água com Viviane Jungblut, Ana Marcela Cunha, Luiz Felipe Loureiro e Leonardo Macedo para ganhar a medalha inédita.
Austrália nadou praticamente a prova toda na frente, só abriu atrás da Coreia do Sul que abriu com dois homens, mas já no segundo nadador, os australianos já lideravam a prova. O Brasil abriu em quarto lugar e Ana Marcela Cunha manteve a posição mas com troca de Estados Unidos por Taipei.
Luiz Felipe Loureiro botou o Brasil em terceiro e deixou a briga contra os americanos para Leonardo Macedo fechar. Enquanto os australianos venceram a prova colocando nove segundos a frente do Brasil, Macedo passava os americanos e deixava uma vantagem de mais de 20 segundos para a medalha de bronze. Na transmissão oficial da World Aquatics, o narrador até destacou a performance do brasileiro como a melhor entre todos na prova.
Na chegada, Ana Marcela Cunha esperava Leonardo Macedo para lhe dar o abraço da medalha inédita para o Brasil.
Esqueceu a bronze na Copa del Pacifico, evento Panamericano em Equador, 2022.