– Em número de medalhas, o Brasil de 2017 iguala o desempenho de 2013, em Barcelona, com cinco nas piscinas, o melhor da história. A performance de 2013 leva vantagem por ter sido dois ouros, enquanto agora foi um, e na ocasião foram quatro medalhas em provas olímpicas, contra duas agora.
– Em número de finais, o melhor desempenho da história do país é o de 2009, com 18. Agora foram 12, igualando as 12 de 2013 e superando os últimos dois Mundiais (6 de 2011 e 10 em 2015).
– Foram seis recordes sul-americanos pelos nadadores brasileiros (duas em provas olímpicas): 50m costas feminino (Etiene Medeiros duas vezes), 200m medley feminino (Joanna Maranhão), 50m peito masculino (João Gomes Júnior duas vezes) e revezamento 4x100m livre. Comparando com a Olimpíada de 2016, haviam sido três recordes sul-americanos e um brasileiro.
– Foram sete finais em provas olímpicas do Brasil, uma abaixo das oito alcançadas na Olimpíada do ano passado. Um número positivo é que, das cinco finais individuais alcançadas em Budapeste, o melhor tempo na competição dos respectivos atletas foi alcançado justamente na final em quatro delas (Etiene Medeiros nos 50m costas, Bruno Fratus nos 50m livre, Marcelo Chierighini nos 100m livre e João Gomes Júnior nos 50m peito). No Rio de Janeiro, das seis finais individuais, em nenhuma os nadadores fizeram suas melhores marcas ao longo da competição na final. Ou seja, apesar de bater o recorde em número de finais em Olimpíadas no ano passado, o Brasil passou longe de alcançar seu potencial máximo, algo que foi melhor trabalhado em Budapeste. Ainda há muito para evoluir enquanto seleção, mas que uma melhora grande foi observada, não há como negar.
– Bruno Fratus, com as duas pratas, nos 50m e 4x100m livre, se torna apenas o quarto nadador brasileiro a conquistar mais de uma medalha em uma edição de Mundial na piscina. Antes, haviam obtido o feito Gustavo Borges em 1994, Cesar Cielo em 2009, 2011 e 2013 e Thiago Pereira em 2013.
– Depois de duas edições de domínio de Katie Ledecky, dessa vez o posto de melhor nadadora do Mundial muda de mãos. A americana venceu três provas individuais, além de uma prata. Exatamente o saldo de Sarah Sjostrom. A vantagem é que a sueca sai de Budapeste com dois recordes mundiais, nos 50m e 100m livre, e se firma como a maior velocista da atualidade. Com justiça, venceu o prêmio da FINA como melhor nadadora do campeonato, atribuída por uma tabela de pontos que considera medalhas individuais e recordes mundiais.
– No masculino, o grande nome também veio da velocidade: Caeleb Dressel e suas sete vitórias, igualando o desempenho de Michael Phelps de 2007. Está chegando perto dos recordes mundiais dos 50m e 100m livre e 100m borboleta. Desde Matt Biondi que não víamos um nadador se dar bem nos 100m livre e borboleta, e mesmo Biondi não chegou a vencer as provas em Mundiais ou Olimpíadas, feito que só Mark Spitz conseguiu nos Jogos de 1972. Foi no masculino o vencedor do prêmio de melhor nadador da competição pela FINA.
– Adam Peaty, por não ser versátil, jamais irá disputar tal prêmio. Mas no masculino ninguém é tão dominante em suas provas. Nos 100m peito, mesmo sem bater seu recorde mundial, chegou mais de um segundo à frente, na maior margem de vitória na prova em Mundiais. E, ao nadar a prova, quase bateu o recorde mundial dos 50m na passagem, ficando apenas oito centésimos acima. Claro que, ao nadar a prova de 50m no dia seguinte, estraçalhou a marca, sendo o primeiro a completara distância abaixo de 26s.
– Katie Ledecky deixa Budapeste com cinco ouros e uma prata. Somando às conquistas de 2013 e 2015, são 14 ouros, maior vencedora no feminino na história da competição, deixando Missy Franklin, que tem 11, para trás. É a terceira no geral, atrás de Michael Phelps (26) e Ryan Lochte (18).
– Com 18 ouros e 38 medalhas obtidos pelos americanos, essa é uma das melhores campanhas feitas por um país na história dos Mundiais na natação em piscina. Em número de medalhas, jamais um país conseguiu tantas em uma edição, e em número de ouros apenas os próprios Estados Unidos, com 20 em 2007, superaram o número de agora. Em termos percentuais, a melhor campanha é também da equipe americana de 1978, com 20 ouros em 29 possíveis (68,97%) e 36 das 87 medalhas em jogo (41,38%). Em 2017, os percentuais foram 42,85% de ouros e 29,69% de medalhas.
– Foram 11 recordes mundiais obtidos nesse Mundial. Se excluirmos os revezamentos mistos, para efeito de comparação com as edições anteriores, foram 8. Em 2015, em Kazan, também foram 8 sem os referidos revezamentos (e também 11 no total), e em 2013 foram 6. Desde 2001, quando a programação passou a ter provas de 50m estilos, 800m masculino e 1500m feminino, à exceção do Mundial dos trajes de 2009 (absurdos 43 recordes mundiais), os Mundiais com mais recordes foram os de 2003 e 2007, com 14.
– Algumas provas tiveram um nível altíssimo. Nos 50m livre feminino, o bronze foi para 23s97, sendo que o ouro olímpico no ano passado foi vencido com 24s07. Nos 100m borboleta masculino, o último tempo da final foi 51s16 e a prata olímpica em 2016 foi conquistada com 51s14. Nos 200m costas feminino, o último tempo da final foi 2min07s42, melhor que o último bronze olímpico, com 2min07s54.
– Tais melhoras chamam a atenção, mas, em termos gerais, as melhorias se deram em uma taxa menor do que essas provas sugerem. Para classificação para final, em 61,54% (16 de 26) das provas individuais o tempo para classificação no Rio de Janeiro foi mais forte do que em Budapeste. Para chegar ao pódio, em 53,85% (14 de 26) o tempo olímpico foi melhor que o do Mundial. Para a conquista do ouro, aí sim o Mundial foi melhor que a Olimpíada: em 57,69% (15 de 26) a marca do Mundial foi melhor.
Por Daniel Takata