Daqui a duas semanas tem início no Rio de Janeiro o Troféu Brasil, principal evento do calendário nacional que vai definir as seleções brasileiras para o Campeonato Mundial de Gwangju e os Jogos Pan-Americanos de Lima. Mas além de assistir as principais estrelas da modalidade, a competição também reúne histórias interessantes de superação e persistência de atletas que dificilmente conseguirão vaga para estes eventos internacionais.
É o caso de Ayumi Tomishige, nadadora de 22 anos que disputará pela primeira vez o principal campeonato nacional da modalidade. E o caminho para chegar ao Troféu Brasil foi bem diferente da maioria dos demais atletas. “Comecei a nadar ainda bem pequena na categoria pré-mirim em uma academia em São Paulo. Depois fui para o Paineiras do Morumby, onde conciliava a natação com o tênis. Quando tinha dez anos optei por seguir jogando tênis”, disse Ayumi que nas quadras sofreu uma grave lesão no cotovelo que a impossibilitou de seguir a carreira de tenista.
“Foi uma pena porque na época estava bem ranqueada e era federada. Tive uma lesão bem rara e fui obrigada a passar por cirurgia e fazer sessões de fisioterapia”, conta Ayumi que sofreu uma epicondilite necrosante, uma degeneração do tendão do cotovelo. Nessa época ela deixou de fazer esportes de forma competitiva, praticando atividades físicas apenas por lazer.
Mas tudo mudou quando entrou para a Faculdade de Medicina da USP em São Paulo. Logo na primeira semana de aulas já estava na piscina participando dos treinos com a equipe de natação da universidade. “Foi uma volta natural ao esporte. Me informei sobre os treinos e resolvi entrar para a equipe. Ai fui treinando cada vez mais sério e conseguindo boas performances nas competições universitárias. Depois me federei e disputei o Campeonato Paulista Júnior e Sênior em 2017 conseguindo minha primeira medalha”, revela a nadadora que soma vitórias e recordes no Intermed e no InterUSP, além do título de melhor atleta da Faculdade de Medicina da USP.
A partir dai Ayumi passou a disputar tanto competições universitárias, quanto as de alta performance a nível estadual e nacional. Em 2017 nadou o Torneio Open e em 2018 o Troféu José Finkel. Esse ano estreia no Troféu Brasil para nadar os 50m costas. “É sempre muito bom poder nadar eventos desse nível e poder encarar atletas de ponta. É desafiante e motivador”, conta a nadadora que treina em São Paulo com os técnicos Felipe Freitas e Camille de Paula na equipe da Faculdade de Medicina. No Troféu Brasil vai representar a equipe da Associação Desportiva Indaiatubana.
Além dos treinos e competições, ela ainda precisa conciliar sua rotina com as atividades acadêmicas e profissionais do dia a dia. “Consigo treinar na piscina de segunda a sábado, intercalando as atividades na água com o horário de almoço, estágios, plantões da faculdade e treinamento físico na academia. Não é fácil, na verdade é uma rotina de doido, mas eu amo esse ambiente e adoro que faço”, finaliza.
Ayumi é um exemplo de que nunca é tarde para se chegar ao topo da natação nacional e poder competir contra os melhores. Também representa uma gama de atletas que passam pela experiência de conseguir se organizar e seguir treinando em busca de melhorar a cada vez mais. O Troféu Brasil 2019 será sem dúvida inesquecível para a nadadora. Tudo pelo amor ao esporte.