No último domingo as areias e o mar de Copacabana foram palco do Desafio Rainha do Mar, evento exclusivo para mulheres e que reuniu quase mil atletas de diferentes níveis técnicos. Além das disputas amadoras tivemos um desafio elite que contou com a presença de estrelas da natação nacional e mundial. Entre elas estavam as duas últimas campeãs olímpicas da maratona aquática: Sharon van Rouwendaal e Ana Marcela Cunha. Ambas eram as favoritas a vitória e terminaram o desafio no top 3, mas não uma atrás da outra. Entre elas, na segunda colocação estava Viviane Jungblut.
A nadadora gaúcha vem obtendo bons resultados nas águas abertas há alguns anos e firmou-se como uma das protagonistas da modalidade entre 2017 e 2018, tendo grandes resultados como uma medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019 e uma 12ª colocação no Campeonato Mundial de Gwangju-2019 que a deixou muito perto de uma vaga olímpica na maratona aquática em Tóquio. Ao mesmo tempo em que ia bem nas águas abertas, ela conseguiu manter-se competitiva em provas de piscina, superando inclusive recordes nacionais e sul-americanos.
Na disputa do Rainha do Mar, Viviane sabia que seria difícil superar suas adversárias e tentou uma tática diferente, buscando guardar energia nas primeiras voltas para conseguir superar suas adversárias na disputa final. Porém, como ela mesmo disse não é fácil encarar campeãs olímpicas.
“Gostei da minha participação no Rainha do Mar. Claro que a gente sempre quer ganhar, mas não é fácil ainda mais com mulheres como a Ana Marcela Cunha e a Sharon van Rouwendaal na mesma prova. Não era fácil e não tivemos um longo intervalo de descanso entre os três tiros e eu tenho um pouco mais de facilidade em tiros mais curtos e minha estratégia era poupar energia nos dois primeiros tiros para guardar energia para a prova final. Faltou só um pouquinho só para conseguir chegar melhor e disputar com a Sharon, mas foi uma semana pesada de treinos e vejo como uma participação bem positiva meu desempenho”, disse a nadadora do Grêmio Náutico União.
Viviane recordou ainda que o nível da prova foi forte, já que além das campeãs olímpicas havia uma medalhista olímpica (Rachele Bruni), uma medalhista em Mundial (Samantha Arevalo) e outra medalhista em Jogos Pan-Americanos (Cecilia Biagioli). “A prova teve um nível muito bom e todas as atletas eram muito boas, mas a Ana Marcela e a Sharon tem um nível a mais. Afinal ambas são campeãs olímpicas. Mas é claro que chegar entre as duas e disputando uma vitória é algo muito bom e importante, que mostra que eu estou batalhando, treinando e no caminho certo”, afirmou a atleta que ainda teve a oportunidade de nadar junto da irmã, a também nadadora Cibele Jungblut.
A estratégia de ter se aproveitar dos tiros curtos para conseguir crescer na reta final vem justamente das provas de piscina onde ela também é bastante competitiva. Em 2021 ela obteve o índice olímpico para os 1500m livre onde superou o recorde brasileiro da prova nadando sozinha, durante uma repescagem por ter sido diagnosticada com COVID-19 às vésperas da seletiva olímpica. Mesmo com os bons resultados na piscina, Viviane pretende voltar a privilegiar as competições em águas abertas.
“Para este próximo ciclo olímpico meu foco serão as águas abertas. Vou voltar a disputar provas de olho nos Mundiais, principalmente o de Fukuoka em 2023 que será a seletiva olímpica para os Jogos de Paris-2024. A piscina ficará um pouco em segundo plano, mas com certeza nadarei alguns eventos de piscina quando puder”, revelou a nadadora que também comentou sobre o tumultuado calendário internacional deste ano.
“Este Mundial foi bastante complicado. Primeiro teria Mundial, depois não ia ter mais e agora foi confirmado. Agora terei que fazer um ajuste na programação de treinos com meu técnico, mas com certeza o foco inicial é garantir uma vaga na seletiva (que vai acontecer na Billings em março). Como a Ana já esta classificada, sobra uma vaga e o foco é passar na seletiva e se tudo correr bem no Mundial o plano é estar entre as primeiras colocadas e fazer uma boa prova. Foquei praticamente dois anos afastada das provas de águas abertas e agora quero retomar bem esta parte de nível internacional”, finaliza a nadadora que também faz parte já há alguns anos do Speedo Elite Team, grupo de nadadores patrocinados pela marca esportiva.