Gregorio Paltrinieri – Foto: Reuters
Quando um atleta nada muito bem os 1500m livre não que dizer que ele necessariamente nadará bem a maratona aquática de 10 km. Existem casos de excelentes atletas de piscina que fracassaram quando se arriscaram nas águas abertas. Um exemplo é Grant Hackett. Considerado por muitos como o maior fundista da história, ele tentou se classificar para a prova dos 10 km dos Jogos Olímpicos de Pequim-2008, mas não teve sucesso. Outros, porém, conseguiram repetir nas águas abertas os bons desempenhos das piscinas como é o caso de Oussama Mellouli, até hoje o único campeão olímpico nas duas modalidades. Atualmente temos um nadador participando desta experiência.
Trata-se de Gregorio Paltrinieri. Campeão olímpico no Rio-2016 e bicampeão mundial em Kazan-2015 e Budapeste-2017, o italiano esta a cada dia mostrando que também pode obter sucesso nas duas modalidades. Na semana passada ele participou da Universídade em Taipei e confirmou seu favoritismo na piscina ganhando duas medalhas de ouro nos 800m (7min45s76) e 1500m livre (14min47s75), estabelecendo inclusive dois novos recordes de campeonato. Dias depois estava no Canal de Taipei para encarar os 10 km da maratona aquática.
Nadando num ritmo tranquilo e bastante seguro, Paltrinieri superou atletas mais experientes como o brasileiro Allan do Carmo e o russo Kirill Belyaev, vencendo sua primeira grande prova internacional em águas abertas. O italiano completou a prova em 1h54min52s4, com dez segundos de vantagem para o vice-campeão Soren Meissner. Vale lembrar que a Universíade não reuniu as principais estrelas internacionais, mas esse argumento não pode ser considerado para desqualificar a vitória de Paltrinieri que ainda por cima enfrentou um desafio que não esta acostumado a ter na piscina: a alta temperatura da água.
Com termômetros batendo na casa dos 30º C (pelas regras da Fina o limite é de 31º C), Estados Unidos, Austrália e Canadá não deixaram seus atletas competirem. A pouca experiência na distância, somada a temperatura da água poderiam ser duros empecilhos para o italiano, mas ele conseguiu superá-los e venceu. No começo do ano o nadador já havia disputado uma maratona aquática em Eilat, Israel, válida pela Copa LEN. Terminou na quarta colocação. Na época noticiamos aqui que seu técnico Stefano Morini já o vinha preparando para fazer o trabalho duplo piscina/águas abertas visando os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. “Devido sua base de treinamento ele tem capacidade de suportar o ritmo e a distância de uma maratona aquática”, disse a época.
O fundista vive a melhor fase da carreira e ganhou um incentivo a mais para a próxima Olimpíada. Com a adição dos 800m livre no programa olímpico, o nadador tem como objetivo ganhar três medalhas de ouro na capital japonesa (800m, 1500m e 10 km). Em sua nova rotina de treinos ele vem aprimorando suas habilidades para as águas abertas buscando justamente atingir essa ousada meta e nos próximos meses estará treinando na Austrália ao lado de Mack Horton.
Paltrinieri quer repetir o feito Mellouli, que até hoje é o único a vencer os 1500m livre (em Pequim-2008) e 10 km (em Londres-2012) em Jogos Olímpicos, porém, o italiano que já tem o título na piscina almeja atingir esse sucesso mesma Olimpíada. O caminho é longo e cheio de qualificados adversários, mas Paltrinieri esta focado e concentrado para atingir seu grande objetivo e entrar para a história.
Por Guilherme Freitas