“Foi a melhor prova da minha vida. Para mim, acabou o pesadelo que foi o Rio-2016. Estou muito feliz por ter feito o meu melhor tempo hoje. Eu gostaria de ter ganho, mas o Caeleb Dressel é um monstro. De qualquer forma foi muito positivo meu resultado”. Essas foram as palavras de Bruno Fratus logo após conquistar o maior desempenho de sua carreira e sentir o gosto da redenção. Após chegar cotado ao pódio olímpico, Bruno teve uma participação aquém do esperado nos Jogos do Rio-2016. Terminou em sexto lugar longe da medalha. Uma lesão nas costas atrapalhou sua preparação e após a decepção olímpica o velocista colocou o Mundial de Budapeste como prioridade para o início de seu novo ciclo visando Tóquio-2020.
Treino e competiu forte para o evento se tornando o nadador mais regular do mundo na prova com bons resultados. Ele já havia tido uma ótima performance com o revezamento 4x100m livre, mas deixou o melhor para sua principal prova: os 50m livre. Depois de nadar bem nas eliminatória e semifinal, Bruno foi implacável na final. Saiu atrás de Dressel, que mais uma vez foi preciso na saída. Mas acelerou, chegou a se aproximar do americano e até esboçar uma disputa. Terminou com a medalha de prata com o melhor resultado de sua carreira: 21s27. Apenas 12 centésimos atrás de Dressel que conquistou sua quarta medalha de ouro em Budapeste. “Essa medalha é para todos os meninos e meninas que me perguntam se vale a pena investir no esporte. Continuem treinando que vale muito a pena”, comentou o brasileiro que nadou pela 13ª vez abaixo dos 22 segundos e que elogiou Cesar Cielo a quem chamou de “melhor velocista de todos os tempos”.

Cesar Cielo também nadou a final dos 50m livre. O velocista se classificou em oitavo lugar e terminou a prova na mesma colocação, aumentando seu tempo e fechando com 21s83. Cesar afirmou que gostaria de ter nadado mais rápido e avaliou que o desempenho foi positivo, já que conseguiu ser finalista nos 50m livre e medalhista com o time do revezamento 4x100m livre. O brasileiro também garantiu que continuará dando um passo de cada vez até Tóquio, nadando ano após ano.
Dressel brilhou nos 50m livre, mas foi mais incrível ainda nos 100m borboleta. Menos de meia hora depois do triunfo na prova mais rápida da natação mundial, o americano chegava como favorito para levar mais um ouro. Depois de fazer duas performances espetaculares (50s08 nas eliminatórias e 50s07 na semifinal) ele era disparado o favorito. Como de costume saiu a frente e foi abrindo vantagem para concluir com 49s86, apenas quatro centésimos do recorde mundial de Michael Phelps feitos em 2009 no auge da era dos trajes tecnológicos elevando a prova a um novo patamar.

Mas ele não se contentou com apenas estes dois ouros. O americano voltou para fechar seu dia com chave de ouro integrando o revezamento 4x100m livre misto ao lado de Nathan Adrian, Mallory Commeford e Simone Manuel. Dressel abriu o revezamento para 47s22 e foi fundamental para a vitória dos Estados Unidos com 3min19s60, novo recorde mundial. Holanda e Canadá completaram o pódio com os holandeses também nadando abaixo da antiga marca mundial. Agora Dressel soma seis medalhas de ouro que podem se tornar sete amanhã com o 4x100m medley masculino. Até agora ele só passou em branco nos 50m borboleta quando ficou em quarto lugar.
Outro nome da etapa foi Sarah Sjöstrom. A sueca que ontem perdeu na chegada a medalha de ouro nos 100m livre, se superou hoje ganhando um ouro e batendo um recorde mundial em duas provas diferentes. Começou o dia vencendo os 50m borboleta com uma atuação de gala, sem dar chance as rivais e batendo o recorde de campeonato com 24s60. Voltou para a piscina minutos depois e estabeleceu enfim o recorde mundial nos 50m livre com 23s67. A sueca já vinha perseguindo essa marca há algum tempo e hoje finalmente consegue apagar mais um recorde da era dos trajes tecnológicos que pertencia a alemã Britta Steffen com 23s73. Amanhã ela tem uma chance de abaixar a marca na final.

No penúltimo dia de provas a natação australiana respirou mais aliviada. Depois de seis passando em branco, finalmente ouvimos o hino australiano na Duna Arena. A responsável por evitar um possível vexame dos aussie foi Emily Seebohm que com um final de prova fortíssimo superou Katinka Hosszu para vencer os 200m costas com novo recorde da Oceania e da Austrália: 2min05s68. Hosszu contava com o apoio da torcida local e por muito pouco não conseguiu levar seu segundo ouro em Budapeste. De qualquer forma celebrou seu resultado já que os 2min05s85 são um novo recorde nacional.
Os 800m livre feminino dispensa saber quem ganhou. Katie Ledecky mais uma vez teve apenas o cronômetro com rival para encerrar sua participação no Campeonato Mundial de Budapeste com outra medalha de ouro. Conquistou o trimundial na distância, mas bem acima do esperado nadando para 8min12s68 talvez já sentindo os efeitos do cansaço após a maratona de provas. Ledecky agora soma 16 medalhas conquistadas em Mundiais, sendo 15 de ouro que a tornam a maior vencedora da natação feminina em todos os tempos.

Tivemos mais duas semifinais no dia de hoje. Nos 50m peito a Guerra Fria entre Lilly King e Yulia Efimova será um dos momentos mais quentes deste domingo. A americana passou para a final com o melhor tempo 29s06, batendo o recorde das Américas. Porém, a russa veio logo em seguida com 29s73 e a expectativa é que esta será uma das finais mais intensas deste Mundial. Nos 50m costas o brasileiro Guilherme Guido até fez uma boa prova, mas com 24s91 não conseguiu entrar em sua segunda final. Terminou em 12º lugar e agora vai se concentrar para as eliminatórias do revezamento 4x100m medley.
Amanhã teremos o último dia deste Campeonato Mundial em Budapeste e para ver todos os resultados do dia de hoje clique aqui. Uma competição que surpreendeu pelo altíssimo nível técnico e que mandou as favas a tal da ressaca olímpica, muito bem definida pelo Coach Alexandre Pussieldi: um folclore.
Por Guilherme Freitas