Ao conquistar a medalha de bronze nos 5 km hoje, no Mundial de Budapeste, saindo do quarto lugar na reta final para superar a campeã olímpica Sharon van Rouwendaal em mais uma chegada emocionante, Ana Marcela Cunha fez história mais uma vez.
Desde 2011, em suas últimas nove provas, conquistou oito medalhas, com apenas um quinto lugar nos 25 km em 2013 como resultado não medalhista. Um aproveitamento impressionante e, de fato, inigualável na história das provas femininas de águas abertas em Mundiais de Esportes Aquáticos.
O mais próximo que uma atleta chegou até hoje foi a holandesa Edith van Dijk, com uma sequência de sete medalhas em oito provas entre 2001 e 2005.
(lembramos que a brasileira também foi bronze nos 5 km em 2010 no Mundial de águas abertas, extinta competição reservada apenas à modalidade.)
Relembramos aqui a incrível sequência de Ana Marcela, entre fatos e fotos.
2011 – 25 km
Após a frustração de terminar na 11ª posição na prova de 10 km dias antes e perder a classificação para os Jogos Olímpicos do ano seguinte, Ana Marcela se tornou a primeira brasileira a vencer provas femininas nos esportes aquáticos na história dos Mundiais, em Xangai. Nadando os 25 km pela primeira vez, superou a alemã Angela Maurer por dois segundos após 5h29m22s9 de prova.
2013 – 5 km
Em sua estreia no Mundial de Barcelona, fez uma prova progressiva e foi galgando posições para garantir a medalha de bronze com o tempo de 56m44s7. Subiu no pódio com Poliana Okimoto, que foi prata, na primeira vez que dois atletas do país conquistaram medalhas na mesma prova na história dos Mundiais de esportes aquáticos.
2013 – 10 km
Uma prova ainda melhor que os 5 km dois dias antes. Ana Marcela e Poliana sempre estiveram no primeiro pelotão e, na reta final, assumiram a liderança e fizeram um duelo particular pelo ouro. Ana Marcela garantiu a prata com 1h58m19s5, três décimos atrás da compatriota, em uma dobradinha inédita para o país no alto do pódio.
2015 – 10 km
Em uma prova tensa no Mundial de Kazan, por valer classificação para os Jogos Olímpicos do ano seguinte, Ana Marcela conquistou o bronze com o tempo de 1h58min26s5 ao superar nadadoras do segundo pelotão na reta de chegada. Ficou atrás somente da francesa Aurélie Muller e da holandesa Sharon van Rouwendaal, que chegaram 20 segundos à frente.
2015 – 5 km por equipes
Em uma prova que não existe mais em Mundiais, ao menos nos moldes que existia até 2015, a equipe brasileira, formada por Ana Marcela, Allan do Carmo e Diogo Villarinho conquistou a medalha de prata. A prova era nadada por equipes mistas, com os três nadadores percorrendo o percurso em conjunto, e a classificação era aferida pelo tempo final. Incrivelmente, o Brasil terminou empatado com a Holanda, com o mesmíssimo tempo de 55min31s2, atrás apenas da Alemanha.
2015 – 25 km
Motivadíssima pelas duas medalhas anteriores em Kazan, a brasileira dominou a prova de maneira indiscutível. Manteve-se sempre entre as líderes e no final disparou, chegando nada menos que 26 segundos à frente da húngara Anna Olasz, com o tempo de 5h13min47s. Repetia assim a conquista da prova de 2011.
2017 – 10 km
A estreia de Ana Marcela no lago Balaton, no Mundial de Budapeste, não poderia ser mais emocionante. Ao se encontrar brigando pelas primeiras posições na reta final da prova, viu-se encaixotada pelas italianas Rachelle Bruni, a medalhista de prata olímpica, e Arianna Bridi na disputa pelo terceiro lugar. No final, a brasileira superou Bruni e tocou no pórtico de chegada empatada no décimo de segundo com Bridi pela medalha de bronze, com o tempo de 2h00min17s2. Curiosamente, em apenas duas ocasiões houve empates na disputa de medalhas em Mundias de esportes aquáticos nas águas abertas. E as duas envolveram Ana Marcela: os 5 km por equipes de 2015 e os 5 km de 2017.
2017 – 5 km
Dizendo-se inspirada pela estratégia do holandês Ferry Weertman, campeão olímpico e mundial dos 10 km, famoso por ter estratégia progressiva e atacar no final, Ana Marcela começou em ritmo tranquilo e teve gás para superar a holandesa Sharon van Rouwendaal, campeã olímpica, na última braçada. Assim como nos 10 km, a medalha de bronze só foi garantida no final. Mas, dessa vez, não houve empate: a brasileira superou a rival por um centésimo ao ter uma última braçada mais eficiente.
Por Daniel Takata