Na natação é fácil, placar eletrônico é determinante e sem questionamento. Se o placar falhar, um empate na natação precisa ter conflito entre as ordens dos juízes de chegada, e neste conflito, um empate.
E nas águas abertas?
Aconteceu neste domingo, prova de abertura do Brasileiro de Águas Abertas na sua 27a edição em etapa disputada em Porto Alegre. Foi na prova dos 5 quilômetros no Rio Guaíba, na frente da Ilha do Pavão. Enquanto Viviane Jungblut do União vencia facilmente as duas provas, 10 quilômetros no sábado, e os 5 quilômetros no domingo, os homens se batiam acirradamente.
Allan do Carmo foi o campeão dos 10 quilômetros no sábado, conseguiu colocar três segundos de vantagem sobre Pedro Guastelli Farias. Apenas 16 segundos separaram os cinco primeiros colocados da prova. No domingo, ainda mais equilibrado. Do primeiro para o sexto colocado, apenas seis segundos.

Allan venceu de novo, o experiente nadador da Seleção Brasileira e que defende o Yacht Clube da Bahia desta vez dividiu o primeiro lugar com um “rookie”. O paranaense Thiago Maturara Ruffini, natural de Foz de Iguaçu, 13 anos mais jovem que Allan, também foi apontado como vencedor.
Henrique Borges, árbitro CONSANAT, foi o chefe da arbitragem da prova. A regra OW 3.25 determina o trabalho de três árbitros de chegada. Um deles, é o chefe da arbitragem. Com o conflito de resultados registrados, a acirrada chegada necessitava uma análise apurada das câmeras. Uma delas dava com clareza vitória para Allan, a outra Ruffini era o vencedor, e a terceira inconclusiva.
As câmeras, conforme a regra OW 7.2 devem ser posicionadas uma de cada lado da chegada e outra com visão por cima.

Borges, como árbitro geral, poderia usar o direito de decisão, se tivesse opinião apurada pela chegada poderia indicar aquele que na sua visão foi o vitorioso. Entretanto, na dúvida, pró nadador, o mais indicado era apontar o empate.
Águas abertas não tem o placar eletrônico da chegada, a cronometragem, independente do uso ou não das transponders com microchips, a decisão sempre é pela visualização do toque de placa.
E foi assim que Allan e Ruffini dividiram o alto do pódio dos 5 quilômetros. Para Allan, o mais vitorioso nadador de águas abertas do Brasil, mais uma. Para Ruffini, um feito enorme. seu primeiro título nacional, ou melhor, sua primeira medalha em Brasileiro e veio logo de ouro.
Enquanto Allan segue seus treinamentos com Fernando Possenti desde 2019, Ruffini faz parte do forte grupo de fundo e águas abertas do Grêmio Náutico União sob o comando de Kiko Klaser. A emoção de ver os dois dividindo o pódio em Porto Alegre foi inspiradora. Uma chegada fortíssima e a decisão adequada da arbitragem.