Um monstro! Não há outra palavra que defina o que é Adam Peaty. Na manhã durante as eliminatórias dos 50m peito, o britânico não quis saber de brincadeira e bateu o recorde mundial com 26s10. Alguns apostavam que na semifinal ele daria uma segurada visando se poupar para a final de amanhã, até porque, seu adversário é o relógio. Errado. Peaty mais vez voltou para a piscina para destruir o recorde que havia construído nas eliminatórias. Apertando desde o início tornou-se o primeiro homem da história a romper a barreira dos 26 segundos: 25s95, uma marca que nem ele mesmo acreditou. Precisou olhar várias vezes o placar para confirmar e acreditar no que havia feito.
Se uma medalha já tem dono, as outras duas estão em aberto. E ambas podem parar no pescoço dos brasileiros. Felipe Lima e João Gomes Júnior nadaram bem e se classificaram para a finalíssima da prova. João foi melhor pela manhã, quando bateu o recorde sul-americano ao nadar para 26s67. Na semifinal nadou ao lado de Peaty e piorou um pouco o tempo: 26s86, mas o suficiente para entrar. Já Felipe foi melhor na semifinal e entrou com o segundo tempo: 2s68. Duas medalhas para o Brasil são possíveis, menos a de ouro que pertence a um sujeito que não é deste planeta. A propósito, de mundo vem Adam Peaty?

A mesma pergunta podemos fazer a Katie Ledecky. A americana mais uma vez foi absoluta nos 1500m livre. Não tomou conhecimento das adversárias, abrindo dois corpos logo depois da virada dos 50 metros e foi abrindo, abrindo, abrindo. Em determinados momentos as câmeras de TV optaram por mostrar a luta de Mireia Belmonte e Simona Quadarela pela prata. No fim Ledecky não conseguiu bater seu recorde mundial mas fez a quarta melhor marca de todos os tempos: 15min31s82. Foi também sua 12ª medalha de ouro em Mundiais que faz dela a maior vencedora de todos os tempos deixando para trás sua compatriota Missy Franklin. Menos de uma hora depois lá estava ela de novo na água para encarar a semifinal dos 200m livre. Nadou na primeira série e se classificou em primeiro: 1min54s69. Amanhã terá um duelo interessante contra Federica Pellegrini e Katinka Hosszu.
Outro gênio das piscinas é o chinês Sun Yang. No primeiro dia das finais ele teve uma atuação de gala, dominando os 400m livre. Hoje encarou a final dos 200m livre e colocou em prática mais uma vez a tática Sun Yang. Cozinhou seus adversários durante 150 metros e deu o bote final nos últimos 50 metros. Apertou o ritmo e engoliu todo mundo para fechar com 1min44s39 e de quebra bater o recorde asiático da prova. Essa não foi a única medalha de ouro da China no dia. Nos 100m costas o vice-campeão olímpico Jiayu Xu deu o troco no americano Ryan Murphy e conquistou o título mundial com 52s44. A final também contou com presença de Guilherme Guido. O brasileiro buscava nadar para 52 segundos, mas fez o melhor tempo na temporada 53s66 e ficou em sétimo lugar.

Tivemos ainda outros dois recordes mundiais em provas femininas. Nos 100m costas Kylie Masse confirmou as expectativas e bateu a marca mundial que vigorava desde o Mundial de Roma-2009 no auge dos trajes tecnológicos. A canadense teve um fim de prova perfeito e venceu com 58s10, dando o primeiro ouro ao Canadá em Budapeste. O outro recorde mundial foi da campeã olímpica Lilly King que não tomou conhecimento da arquirrival Yulia Efimova. Na final dos 100m peito a americana foi implacável, nadando forte do início ao fim e terminando com 1min04s13. Efimova ainda perdeu a prata para Katie Meili que a superou por dos centésimos: 1min05s03 e 1min05s05.
O dia ainda teve os 200m borboleta masculino para delírio da Duna Arena que viu um de seus maiores ídolos se classificar para final com o segundo melhor tempo. Laszlo Cseh, que subiu ao pódio em todos os grandes eventos internacionais que já disputou, vai nadar amanhã na raia 5 com o tempo de 1min54s22. E outro húngaro também tem chances de medalha. Tamas Kenderesi, medalhista de bronze no Rio-2016, passou em terceiro. O melhor foi o japonês Daiya Seto com 1min54s03. Leonardo de Deus não foi bem e mais uma vez aumentou seu tempo nadando para 1min56s85 terminando apenas em 14º lugar.

Apenas hoje foram quatro recordes mundiais (confira os resultados do dia aqui) e temos mais cinco dias pela frente. Quantas mais marcas caíram em Budapeste?
Por Guilherme Freitas