* Texto publicado originalmente no Blog do Coach dia 13 de maio de 2019.
Foi a conquista esportiva do final de semana. Emocionante e relevante! O Brasil conquistou pela primeira vez o título de campeão do Mundial de Revezamentos da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), em Yokohama, no Japão. Na prova, Rodrigo Nascimento, Jorge Vides, Derick Silva e Paulo André Camilo de Oliveira fizeram uma prova incrível e com 38s05 superaram o time americano, sempre favorito e recordista da prova.
Foi a primeira vez que o Brasil subiu ao pódio no Mundial de Revezamentos, competição criada em 2014, inicialmente com a ideia de ser anual e que está sendo disputada a cada dois anos desde 2017. É um evento de dois dias, nove provas, três masculinas, três femininas e três revezamentos mistos, dois deles estreando na competição.
Com um bom patrocínio, organização e mídia, a IAAF conseguiu levar 43 países para a disputa, muitos dos melhores atletas do mundo estavam por lá. O time americano completo! O Mundial de Revezamentos não tem pódio, e as equipes acumulam pontos pelos resultados de pista. No final, o time americano foi premiado com o Bastão de Ouro como campeão geral.
Inspirado no belo evento, não tem como não pensar num Mundial de Revezamentos de Natação. Sei que os parâmetros são outros, mas vale a pena “viajar” nesta ideia. O Mundial de Revezamentos de Natação também seria disputado em eliminatórias e finais. As provas masculina e feminina, 4x100m livre, 4x200m livre, 4x100m medley, 4x50m livre e 4x50m medley. Ainda teríamos os revezamentos mistos 4x50m livre e medley e 4x100m livre e medley.
Além da disputa tradicional, pelos melhores lugares, teríamos pontuação extra para os atletas com melhor parcial de abertura, melhor parcial intermediário, melhor saída de revezamento e também a combinação de tempos de troca. Disputas novas e interessantes e que dariam oportunidade a todos de se destacarem. Seria bom demais ver os melhores nadadores do mundo numa disputa pura de equipe.
Como no Mundial de Revezamentos da IAAF, os Estados Unidos também seria o franco favorito na competição, mas nada que deixasse o evento menos importante e disputado.
O Brasil faria bonito, ainda mais na atual geração masculina. Nosso 4x100m livre masculino está ranqueado em segundo na soma dos tempos alcançados no Troféu Brasil. Na nossa frente, apenas a Rússia por 14 centésimos. O time de Marcelo Chierighini, Breno Correia, Pedro Spajari e Gabriel Santos briga por medalha no Mundial de Gwangju deste ano e sonha com pódio em Tóquio-2020.
Também é ótima a perspectiva do revezamento 4x200m livre masculino. Este colocou a cara no mundo ao vencer o Mundial de curta em dezembro no ano passado com novo recorde mundial. Na soma dos quatro tempos do Troféu Brasil deste ano o time de Fernando Scheffer, Breno Correia, Luiz Altamir Melo e João de Lucca aparece como terceiro do mundo em 2019. Na nossa frente, Rússia e Grã-Bretanha.
Nos dois levantamentos não aparece o time americano, já que a seletiva da USA Swimming foi no ano passado. Mesmo assim, fica evidente que os times brasileiros seriam competitivos, muito competitivos. Se falarmos do revezamento 4x50m livre masculino o Brasil até faria bonito com Bruno Fratus, Marcelo Chierighini, Gabriel Santos e Pedro Spajari. Mas bonito mesmo seria o 4x50m medley com Guilherme Guido, João Gomes Jr., Nicholas Santos e Bruno Fratus, neste era ouro e melhor marca do mundo.
Os revezamentos femininos iriam sofrer. O 4x100m livre com Etiene Medeiros, Larissa Oliveira, Daynara de Paula e Manuella Lyrio poderia pintar no top 8. Também acho que o 4x200m tem potencial para isso se voltarmos a nadar para nossas melhores marcas. O melhor revezamento feminino, nesta projeção, me parece ser o 4x50m medley. Já pensou? Etiene Medeiros, Jhennifer Conceição, Daiane Dias e Lorrane Ferreira fechando. Este briga bem.
Nos revezamentos mistos, nem o 4x100m livre, nem o 4x100m medley seriam fortes, mas o 4x50m medley me parece ser muito forte. Nas variações dá para pensar em abrir com as meninas Etiene Medeiros e Jhennifer Conceição, mesmo sendo das melhores do mundo nos 50m costas e 50m peito, nos deixaria atrás, para Nicholas Santos de borboleta e Bruno Fratus fecharem com tudo.
Os revezamentos medley mistos nos oferecem outras opções. Dá para pensar em Daiane Dias no borboleta e João Gomes Jr. no peito, opções é o que não faltam. Os revezamentos mistos introduzidos no Mundial desde Kazan-2015 despertam nova atenção e um grau extra de motivação pelas alternâncias de liderança durante a prova. Pode parecer viagem, mas não deixa de ser uma iniciativa que iria agitar um bocado o mercado da natação. Enquanto isso não acontece, vamos vibrar novamente com a grande vitória da equipe brasileira no 4x100m rasos em Yokohama.