A noticia pegou todos de surpresa: Cesar Cielo está fora do Mundial de Kazan. Tudo aconteceu de forma rápida, mas previamente planejada pela comissão técnica brasileira, que tentou manter em segredo a decisão do corte do principal atleta da delegação. Com uma lesão no tendão supraespinhoso, o tradicional “ombro de nadador”, o paulista foi mandado mais cedo para sua casa, para São Paulo, e perdeu a chance de sagrar-se tetracampeão mundial dos 50m livre. Uma grande baixa para a seleção nacional, mas com foco em 2016: deixar Cielo “zerado” para a disputa dos Jogos Olímpicos é a prioridade de todos.
“É um cara que sempre foi 100% natação, e o compromisso dele com treino e competições. Daqui a um mês ele será pai, uma coisa nova, no meio disso tudo acontecendo, além da pressão das Olimpíadas. Tenho certeza que, chegando em casa e descansando, ele logo se recupera”, apontou Albertinho Silva, técnico da seleção, e que conhece o nadador desde os 15 anos. Realmente a vida de Cesar Cielo é, hoje, diferente. Aos 28 anos, tendo conquistado tudo e mais um pouco na natação, e mantendo seus dois recordes mundiais nos 50m e nos 100m livre, não é simples manter-se sempre no topo e motivado. As situações pessoais podem interferir na vida de qualquer pessoa e atleta de ponta, em especial quando uma temporada não dá certo.

Cesão chegou a comparar seu momento com um erro na formatação do carro na Fórmula 1: se erra o carro, vai ter que segurar as pontas até o final da temporada com o mesmo, no máximo dando alguns ajustes, apertando alguns “parafusos”. Ele reclamou bastante sobre seu polimento, sua falta de velocidade, as vezes que repetiu os tempos insatisfatórios. Volta para casa de mãos vazias depois de seis medalhas de ouro mundiais nos anos anteriores.
“A gente tem que ver pelo seguinte: ele vai ter filho, casou, é toda uma vida nova. E toda mudança requer sacrifício. Eu dei muito apoio pra ele, como ele já fez e ainda faz por mim. E falei pra ele não dar murro em ponta de faca. Melhor parar, tirar o pé do acelerador, refletir sobre o que está acontecendo, e continuar. Você pode estar no 98%, mas é preciso parar e começar do zero”, disse o colega e amigo de longa data, Felipe França.
Nos planejamentos do médico de Cielo, ele retornaria em três meses, no máximo, ao seu 100% físico. Para Albertinho, ele estará em condições para disputar o Open, que será no final do ano e é também seletiva olímpica nacional. Só precisa de um empurrãozinho. Uma motivação. Uma nova perspectiva.
Por Mayra Siqueira
A equipe Swim Channel no Mundial de Kazan é patrocinada pela Finis, a melhor tecnologia para natação.