Os ‘dados’ estão lançados, venha o Mundial.
Faltam poucas horas para a estreia de Portugal no 20º Mundial de Fukuoka, naquela que será a 18ª participação nacional desde Berlim 1978, em 50 anos de Campeonatos do Mundo FINA/WA.
E todas as indicações são positivas e podem dar ao país uma campanha histórica: os oito atletas treinaram bem (não há informações em contrário), o estágio preparatório em Nagasaki decorreu muito bem, e a motivação só pode estar em alta quando se compete num Mundial e a um ano dos Jogos Olímpicos de Paris.
Três portugueses estão mais ‘tranquilos’ pois já atingiram mínimos (como se sabe: Diogo Ribeiro em três provas, Miguel Nascimento e Camila Rebelo), sendo que um dos grandes objetivos em Fukuoka será exatamente a obtenção da desejada marca-passaporte.
Neste grupo de candidatos estão, praticamente, todos os restantes atletas, com destaque para os já olímpicos em 2021 Gabriel Lopes (nos 200m estilos) e Tamila Holub (1500m e 800m livres), e João Costa (100m costas); mas logo seguidos de Diana Durães (também olímpica e já no seu quarto Mundial de longa; aposta tudo nos 1500m livres) e Ana Rodrigues (nadará as provas olímpicas de 50m livres – uma aposta importante – e os 100m bruços), ela que nadou os Jogos Olímpicos de Londres 2012.
Já deixei as estatísticas há cinco dias atrás (ver Portugal pode chegar a uma final e sete meias-finais no Mundial de Fukuoka – Swimchannel), mas – para o bem e para o mal – as estatísticas valem o que valem, e felizmente o querer e a força volitiva (de ‘vontade’) operam ‘milagres’.
Assim o seja com as 21 provas iniciais dos oito melhores portugueses da atualidade, porque cumpriram os exigentes mínimos da FPN (a Francisca Martins também os fez mas já fora do prazo apertado da FPN), e que possam multiplicar várias destas eliminatórias por meias-finais e até finais.
Já o escrevi: dificilmente atingiremos mais que uma final (tal o nível elevadíssimo que se prevê no Japão), mas temos tudo para estar em pelo menos sete ‘meias’.
Mas, não tenho dúvidas: qualquer dos cinco atletas que ainda não tem mínimos olímpicos, de bom gosto trocaria uma meia-final por uma marca-mínimo para Paris 2024.
Trio no primeiro dia
Já nesta primeira madrugada de Mundial teremos (horas de Portugal continental, menos 8h que em Fukuoka):
Diogo Ribeiro (DR) – 50m mariposa – eliminatória às 03h51; meias-finais às 12h23; 9ª série (em 10), pista 3.
RNA: 22.96 (DR); MME: 23.19 (2/4/23); MO: não é prova olímpica
Miguel Nascimento (MN): 50m mariposa – eliminatória às 03h51; meias-finais às 12h23; 7ª série (em 10), pista 6
RNA: 22.96 (DR); MME: 24.11 (18/3/23); MO: não é prova olímpica
Gabriel Lopes (GL): 100m bruços – eliminatória às 04h34; meias-finais às 12h50; 4ª série (em 7), pista 7
RNA: 1:01.01 (C. Almeida, ’13); MME: 1:01.65 (2/4/23); MO: 59.49
Legenda: RNA – recorde nacional absoluto; MME – melhor marca (pessoal) da época); MO – mínimo olímpico
Análise:
O Diogo é claramente candidato a passar a primeira fase na sua primeira de quatro provas individuais, mais a estafeta de 4x100m estilos. É, de todos, o português com mais provas, e acredito que pode passar às ‘meias’ em todas elas e fará um Mundial para a história em marcas e classificações (estes 50m mariposa prometem…). É o que eu acho e desejo.
No seu terceiro Mundial de longa o experiente Mike estreia-se numa prova que não é a sua principal, mas onde nos vai deixar importantes indicações quanto às legítimas ambições para os 50m livres.
Gabriel – medalha de bronze nos 200m estilos do Europeu ’22, e também já no terceiro CMP Longa – nada os 100m bruços para progredir na prova que nadará na estafeta nacional, atacando claramente o bem velhinho recorde de Carlos Almeida no Mundial de 2013 (ver acima).
Nota ainda para a prova de Andrii Govorov, recordista mundial dos 50m mariposa, que representa em Portugal o Vitória Sport Clube, sendo colega de Nascimento e Ribeiro no CAR Jamor.
O ucraniano nadará na 8ª série, pista dois, também com ambições de chegar à meia-final; tem como melhor marca da época 23.40, a dois de abril, no Funchal.
Os melhores de sempre
Quando do fantástico 4º lugar da Angélica André (e o 9º da jovem Mafalda Rosa) nos 5k de há três dias, publiquei um quadro com os melhores resultados de todas as modalidades aquáticas, e onde, por lapso, não inclui os dois resultados top de Perth 1991 (ainda por cima estive nesse Mundial…).
As minhas desculpas à histórica Ana Barros e ao quarteto de quatro dos notáveis da natação portuguesa, os multicampeões e olímpicos Paulo Trindade (FCP), Paulo Camacho (Clube Naval do Funchal), Diogo Madeira (SLB) e Artur Costa (SCP), que protagonizaram a única final nacional em estafetas.
Em baixo deixo-vos o quadro de melhores resultados de sempre em piscina (recolha de dados do meu arquivo pessoal e do arquivo do Carlos Freitas, a quem agradeço a colaboração).
AS 15 MELHORES CLASSIFICAÇÕES DE PORTUGAL EM MUNDIAIS PL – TOP 12 (só natação pura)
Lugar Prova Marca Atleta (clube) Ano
5º 200m B 2:17.99 Alexandre Yokochi (SL Benfica) 1986
7º 4x50m L 1:41.65 POR. (P. Trindade, P. Camacho, D. Madeira, A. Costa) 1991
8º 50m CB 31:36 Ana Barros (Sport Algés e Dafundo) 1991
10º 200m B 2:15.27 José Couto (Clube Natação da Amadora) 2001
10º 1500m L 16:24.05 Tamila Holub (SC Braga) 2017
11º 100m B 1:02.17 José Couto (CN Amadora) 2001
11º 400m E 4:17.34 Alexis Santos (Sporting CP) 2017
11º 1500m L 16:25.23 Diana Durães (SL Benfica) 2022
12º 200m B 2:24.10 Alexandre Yokochi (SL Benfica) 1982
12º 200m E 1:59.80 Diogo Carvalho (Galitos Aveiro) 2011
12º 400m E 4:16.30 Alexis Santos (Sporting CP) 2013
12º 200m E 1:59.22 Alexis Santos (Sporting CP) 2017
12º 200m B 2:25.67 Victoria Kaminskaya (SL Benfica) 2019
12º 200m M 2:09.72 Catarina Monteiro (C. Fluvial Vilacondense) 2019
12º 200m E 1:58.62 Alexis Santos (Sporting CP) 2019
Notas: a sublinhado atletas ainda em atividade; a negrito as duas atletas que competem em Fukuoka; em estafetas só apresento finalistas; provas de 400m e acima não têm meias-finais.
Muito bem Nuno. Ab