por Fabienne Guttin *
Nesse sábado, dia 20/11, acontecerá a travessia Caraguatatuba-Ilhabela. A travessia é feita em revezamento com quatro atletas em cada equipe. E, cada equipe deverá contar com, no mínimo, uma mulher. Cada atleta nadará durante 30 minutos. O revezamento é estabelecido com uma ordem dos atletas numerados de 1 a 4. Essa ordem não poderá ser alterada durante o percurso da prova.
Nessa edição haverá 26 equipes. Cada equipe terá uma embarcação (traineira) e será acompanhada por ela durante todo o percurso. Já mencionei em artigo anterior a importância fundamental do barqueiro na estratégia da performance da equipe.
Para quem não sabe traineira é uma embarcação de pesca pequena, com a popa reta, cujo objetivo é a utilização de redes (trainas) para capturar peixes – sobretudo sardinhas, cavalinhas e espécies afins. Vide foto. Em geral, são embarcações que giram em torno de 33 pés (11m).
A bordo haverá um árbitro que controlará o momento de troca dos atletas da equipe. No momento da troca, quando os dois nadadores estiverem na água, deverão se tocar nas mãos. Existem diversos desafios nessa prova:
– A travessia é disputada em categoria única, ou seja, como a maioria das equipes é composta por nadadores mais jovens, os mais “velhinhos” deverão correr atrás do prejuízo!
– A prova tem um tempo de limite de duas horas após o término da primeira equipe ou uma duração máxima de dez horas. O que ocorrer primeiro. Ou seja, se alguma equipe chegar depois de duas horas da chegada da primeira equipe, será desclassificada. Então, pernas e braços para que te quero!
– A impossibilidade do uso do neoprene que ajuda na flutuação e protege das águas geladas. Coloca todos nas mesmas condições. Os mais magrinhos serão penalizados com as águas mais geladas…brrrrrrrrrrrrrrrrrr
– Alguns atletas podem ficar mareados a bordo. Problema de labirinto. Recomendação: quando estiver a bordo, não olhe para baixo, para a água. Olhe sempre para o horizonte. Leve frutas cítricas que ajudam no combate ao enjoo. Não fique perto do motor do barco (em geral, a diesel). O cheiro do diesel é um verdadeiro elixir para o enjoo!
– Pular do barco em andamento para encontrar o parceiro que está nadando e bater na mão dele. Pule da proa pois o barco está em movimento acompanhando o colega que está nadando. Com certeza, você cairá bem próximo ao colega. Se pular da popa, terá que “correr atrás” do colega que está nadando lá na frente.
– Subir a bordo da embarcação. Esse é um problema. Em geral, não há escadas nessas embarcações. As defensas do barco são os pneus pendurados do lado de fora. São por eles que o nadador terá que subir a bordo. A embarcação não pára – só diminui a velocidade. Coloque o pé no pneu (torça para que não haja cracas), agarre o cabo que segura o pneu e… Boa sorte! Esse “pequeno gesto” será repetido em média três a quatro vezes por nadador… Reze para que o barqueiro tenha qualquer tipo de escada para ajudar nessa manobra!
– O canal nos oferece uma variedade tremenda de condições: correntes direcionadas pelo vento, ondas mais ou menos grandes dependendo dos ventos, água gelada ou não…
Dependendo das condições climáticas não há como estabelecer um contato visual com pontos de referência pré-estabelecidos a partir do momento em que se está dentro d’água. Entra a importância do barqueiro. A traineira será sua referência sempre.
– A coesão da equipe. A parceria e a camaradagem devem exercer o principal e único ponto de partida. Equipe é zelar uns pelos outros. É incentivar o parceiro quando ele não está em condições performáticas excelentes. É saber reconhecer o limite de cada um e, sobretudo, respeitá-lo.
Enfim, a prova é pra lá de bacana justamente devido a todos esses desafios. O maior deles é organizá-la. Então, o organizador, os barqueiros e os nadadores já estão todos premiados. Oferecer esse espetáculo e dividir tudo com os torcedores torna essa prova única e linda pois todos, sem exceção, participam e têm um só objetivo em comum: divertir-se e causar emoções!
* Fabienne Guttin é nadadora master.