No último sábado, dia 12 de setembro, em meio ao Atlântico Norte a quase mil quilômetros da costa portuguesa, pude participar da primeira edição do Madeira Island Ultra Swim 2020, que teve provas nas distâncias de 1 km, 5 km, 10 km, 20 km e 30 km, inclusive, nadei esta última.
Em Funchal, região central da Ilha, aconteceu a entrega de kits e os congressos técnicos das provas de 1 km, 5 km, 10 km e 20 km. Já em Calhetas, aproximadamente 40 minutos ao norte e local de largada da prova de 30 km, ocorreu o congresso técnico desta prova, na véspera, às 16h. A organização teve o cuidado de hospedar os 15 atletas inscritos na maior distância próximo a partida. Também foi solicitado para que o hotel adiantasse o horário do café da manhã, para que os mesmos pudessem se preparar para a prova de forma adequada.
As 7h15 no local da largada, a estrutura e colaboradores já estavam prontos para receber os participantes. Neste momento foram entregues e conferidos os chips de cada um. A prova teve início pontualmente as 8h, com transmissão ao vivo pela internet e o grupo foi acompanhado por embarcações da organização durante todo o percurso.

Nadamos os primeiros 10 km, com corrente levemente contra, o que já havia sido previsto em congresso técnico. Já o restante do percurso, a corrente era a favor e algumas regiões de mar estavam mais mexidas a partir do último terço da distância total, o que dificultava o nado. O dia estava lindo, o sol não muito intenso, porém presente, o que nos proporcionou visualizar as águas cristalinas da Ilha da Madeira, que acolhe uma imensa fauna, diversos cardumes e recifes de corais. A todo momento as paisagens se tornavam cada vez mais encantadoras.
Na primeira metade da prova dos 30 km, fomos margeando uma costa coberta por rochedos, que se estendiam mar a dentro, formando grandes florestas sub aquáticas. Da metade da prova para o final, passamos por locais mais povoados da Ilha com o cenário de belas construções nas regiões montanhosas tornando a prova ainda mais agradável e interessante.

As boias padronizadas de cor amarela tiveram uma difícil visualização devido às distâncias entre elas pela própria metragem da prova. A maioria dos atletas não utilizou os postos de hidratação, o que ajudou na navegação, pois as embarcações deram suporte para seus acompanhados ao visualizar o percurso.
A organização liberou o uso de um caiaque ou barco de acompanhamento por atleta, um formato muito utilizado no Brasil para provas dessa duração e o que acredito ser a melhor forma para longas distâncias, já que permite que o atleta tenha autonomia na programação de sua hidratação, controlando o seu tempo e tipo de hidratação que vai utilizar.
A roupa de neoprene foi liberada para esta prova mesmo com a temperatura da água se mantendo em agradáveis 24ºC em todo o trajeto e o uso foi opcional aos atletas. Eu, particularmente, não gosto muito, pois sinto que limita a movimentação dos ombros, podendo causar muita dor ao final da prova. O meu adversário e companheiro durante todo o trajeto, também preferiu usar um traje tecnológico, ao invés de um wetsuit.

Tive minha primeira experiência em nadar utilizando uma boia de segurança e confesso que senti um pouco de dificuldade, mas sei de sua importância, principalmente em uma prova que conta com poucos atletas, um grande perímetro a percorrer e onde ficamos espaçados e em alguns momentos, podendo até estar sozinhos.
Entendo que foi um bom início do evento MIUS, que debutou em 2020 em meio a um cenário desfavorável causado pelo COVID-19. Sabemos que existem pontos a serem aperfeiçoados, mas, com certeza a vontade de realizar o evento, pela equipe de organização e de todos os colaboradores, unida a beleza da Ilha da Madeira, tornou esta experiência incrível.