Por Thiago Medeiros Rodriguez *
A mobilidade articular é uma capacidade física comum a grandes nadadores. O maior atleta olímpico de todos os tempos, Michael Phelps, tinha como um grande trunfo sua mobilidade acima da média. Essa mobilidade impressionante fazia com que ele tivesse algumas vantagens sobre os demais.
A maioria dos nadadores (e outros atletas também) confunde dois conceitos, flexibilidade e mobilidade. Flexibilidade é a capacidade de um músculo de alongar e encurtar passivamente sem restrição. E embora a flexibilidade seja um componente da mobilidade, a mobilidade é mais do que isso. É a capacidade de uma articulação se mover ativamente em toda a sua amplitude de movimento. Também leva em consideração o quanto a articulação se move dentro da cápsula articular e o controle do movimento pelo sistema nervoso.

A natação requer uma quantidade considerável de mobilidade para garantir uma técnica adequada ao longo dos amplos movimentos dos nados. Portanto, o treinamento de mobilidade não deve ser negligenciado. A mobilidade influencia o desempenho na natação das seguintes maneiras:
1. Amplitude de movimento
Uma amplitude de movimento for limitada, exigirá uma compensação do corpo do ponto de vista muscular e articular. Consequentemente, músculos e articulações se tornarão menos eficientes. Isso resultará em desalinhamentos, o que influenciará a posição do corpo causando mais resistência e arrasto na água, o que afeta o desempenho na água, além de predispor lesões pelas sobrecargas geradas.
O treinamento de mobilidade melhora a amplitude de movimento do corpo em geral. Cada repetição de um exercício de mobilidade, envia um sinal para a articulação solicitando que ela funcione e aprenda a se mover em toda a sua amplitude de movimento. Esta mensagem deve ser leve e persistente e, ao repeti-la com frequência, a rigidez e a dor diminuem, melhorando a amplitude de movimento.

2. Postura
Mobilidade e postura andam de mãos dadas. A maioria dos trabalhos modernos exige a permanência em posições estáticas por longos períodos de tempo, o que faz com que os músculos ao redor dos quadris, parte superior das costas e ombros encurtem. Isso tem um impacto negativo na postura, as costas ficam mais curvadas, o que também se reflete durante a natação. Isso limita a capacidade do corpo de girar naturalmente em movimentos como o de respiração durante o nado crawl por exemplo e aumenta o arrasto frontal, influenciando negativamente o desempenho.
O treinamento de mobilidade ajuda a alongar esses músculos, o que, por sua vez, melhora a postura, permitindo um movimento rotacional mais natural e, portanto, um melhor alinhamento horizontal.

3. Força muscular
Os músculos cruzam as articulações para executarem movimentos específicos. Durante a contração, um músculo encurta e produz uma certa quantidade de força. Se a mobilidade for limitada, o movimento pode ser inadequado para permitir que o músculo trabalhe em todo o seu comprimento. Simplificando, um músculo encurtado não é capaz de gerar sua força na totalidade, resultando em um menor torque no movimento.
À medida que a amplitude de movimento dos ombros, por exemplo, aumenta, também aumenta o comprimento das fibras musculares envolvidas na aceleração (por exemplo, peito, ombro e costas), fazendo com que esses músculos criem quantidades cada vez maiores de força, tornando os movimentos resultantes mais eficientes.
Portanto melhorar os movimentos do corpo faz com que o deslocamento na água se torne mais fácil, eficiente, com menos gasto energético e por fim melhorando a performance.
* Thiago Medeiros Rodriguez é fisioterapeuta, nadador e treina atualmente com a equipe Samir Barel Assessoria Aquática