Por Thiago Medeiros Rodriguez *
O que Michael Phelps, Simone Biles, Naomi Osaka e Gabriel Medina têm em comum? Além de serem grandes atletas em suas respectivas modalidades, todos enfrentaram problemas com a saúde mental. Este é um assunto que vem ganhando espaço nos últimos tempos e como profissional da saúde acredito que seja importante esta discussão mesmo não fazendo parte do meu ramo de atuação.
Problemas de saúde mental sempre fizeram parte da rotina de muitos atletas, acostumados desde cedo a lidar com treinos que desafiam os limites do corpo, da mente e a pressão por performance e resultados. Para se ter uma ideia do tamanho do problema, em pesquisa recente 68% dos nadadores de elite canadenses apresentavam transtornos depressivos. O assunto sempre foi um tabu, a diferença, agora, é que muitos estão dispostos a falar abertamente sobre seus problemas de saúde mental.

É importante que gigantes nas suas modalidades, como Phelps, Biles, Medina e Osaka, dêem voz a essas dificuldades, abrindo espaço para que outros consigam também vejam que pedir ajuda é normal e necessário. Infelizmente nem todos atletas não têm acesso facilmente a uma equipe multidisciplinar de saúde, por isso o diagnóstico e o tratamento demoram para acontecer, levando a problemas mais sérios. Por isso, como profissional, que trabalha diretamente com atletas, posso afirmar que é fundamental que técnicos, companheiros de equipe e pais possam reconhecer sinais de transtornos emocionais, principalmente nos mais jovens e assim, encaminhar o atleta aos cuidados necessários precocemente.
Vale a pena chamar atenção a alguns sinais que podem indicar problemas de saúde mental. Esses sinais podem ser físicos como: falta de apetite, cansaço, insônia, dores de estômago ou problemas intestinais e alterações no ciclo menstrual no caso das mulheres. Podem ser psicológicos como: ansiedade, irritabilidade, depressão e sensação de frustração. E ainda comportamentais como falta de flexibilidade para lidar com problemas do cotidiano, hostilidade, dificuldade de concentração, aumento de conflitos, falta de vontade de ir aos treinos e competições, vontade de fazer longas pausas de descanso, isolamento, exaustão emocional e apatia em relação ao técnico e a equipe.

Saúde mental é um assunto muito sério, quando grandes nomes do esporte falam abertamente sobre o tema sem medo de julgamento, isso encoraja aqueles que ainda não atingiram os patamares mais altos a também buscarem ajuda. Caso esteja sentindo algo que te deixe desconfortável procure ajuda. Cuidar da saúde mental deixa o esporte mais seguro, mais saudável e mais agradável para todos. Esse é o papel social do esporte também na vida das pessoas.
* Thiago Medeiros Rodriguez é fisioterapeuta, nadador e treina atualmente com a equipe Samir Barel Assessoria Aquática



































