Por dois centésimos. Ah, as incontáveis histórias do esporte que envolvem essa minúscula fração de segundo que determinam a diferença entre a altura – e às vezes até a presença – de um atleta no pódio. Outra vez foram eles os inimigos e também parceiros de Bruno Fratus na queda na água para a prova dos 50m livre. Mas a medalha que faltava, enfim, saiu. Em Kazan na Rússia, o brasileiro ficou com o bronze, a três centésimos da prata do americano Nathan Adrian, na prova vencida pelo campeão olímpico e mais regular atleta do ano, Florent Manaudou. O vencedor nadou para 21s19, contra 21s52 do vice e 21s55 de Bruno. Valdimir Morozov ficou fora do pódio por um centésimo.
“Não vou dizer que não fiquei feliz com a medalha, não posso falar isso. Mas o que todo mundo vê como o bronze, eu vejo como poucos centésimos da prata e o que tenho que fazer pra chegar no ouro. Estou doido pra voltar pra casa treinar pra próxima temporada”, disse Fratus. Que admitiu uma “profecia” de Manaudou: após a semifinal, o brasileiro brincou que os dois estariam lado a lado na final. O francês replicou: “estaremos lado a lado no pódio”. O abraço entre a dupla depois da prova foi a comprovação de que o vencedor estava certo.
“Esse tempo é a melhor marca da era pós-trajes. Depois de 2013, eu nadei mais rápido, foi ótimo. Foi muito bom”, lembrou Florent, que conquistou o seu primeiro ouro nos 50m livre em um Mundial de longa. Em Barcelona, acabou apenas na 5ª colocação.

Queixos caídos outra vez: não há limites para Ledecky
Katie Ledecky, a estrela de Kazan. O nome dela não cansa de aparecer de forma estonteante em toda a mídia na cobertura do Mundial. Não por menos, se falamos diariamente de história sendo feita por atletas de diversas nacionalidades e situações, ninguém escreveu seu nome em 2015 de forma tão forte como ela. E nem escreverá. A primeira pessoa a vencer em um Mundial as provas de 200m, 400m, 800, 1500m livre. Foi cansativo só de escrever tudo isso, mas a americana simplesmente parece não cansar. Três vezes ela superou o recorde mundial (2 no 1500m e uma nos 800m). A última delas em quase 4 segundos da marca anterior (dela mesma, evidentemente): 8m07s39, a dez segundos da vice-campeã.
Só para não passar batida a importância do feito de Ledecky: somente sua parcial de 400m seria suficiente para a medalha de bronze na prova individual no Mundial: 4m03s22. Ela fechou os 50m mais forte do que abriu: 28s40 no encerramento, contra 28s63 na primeira parcial. Não é humano! Em toda a competição, ela nadou 6200 apenas em provas. E deixa a Rússia com cinco medalhas de ouro.
Nos 100m borboleta masculino, Chad Le Clos acabou atrapalhando as pretensões de Laszlo Cseh: venceu com sua melhor marca pessoal, 50s56. Meio segundo abaixo de seu tempo, e também o mais rápido desde a era dos trajes tecnológicos. O húngaro ficou com a prata, completando uma de cada cor nas três provas do borboleta (ouro nos 200m e bronze nos 50m) no mesmo Mundial. O primeiro nadador a atingir esse feito. Já Missy Franklin perdeu a chance de alcançar o tricampeonato dos 200m costas com o final de prova intenso de sua nova grande rival, Emily Seebohm. A australiana ultrapassou a americana nos últimos 50m, e superou sua melhor marca: 2m05s81. Sarah Sjoestroem manteve a sua média e, com novo recorde de campeonato, venceu os 50m borboleta com 24s96, ainda meio segundo acima do seu imbatível recorde mundial.
Por Mayra Siqueira
A equipe Swim Channel no Mundial de Kazan é patrocinada pela Finis, a melhor tecnologia para natação.