Por Thiago Medeiros Rodriguez *
Meu caro leitor, peço licença para contar uma pequena história da minha carreira de nadador. O ano era 2000, eu estava na cidade de Santos participando do Campeonato Paulista de Inverno. Na etapa do domingo de manhã, eu era o único nadador da equipe que iria cair na água para nadar os 100m livre. Todos da equipe foram para o clube para acompanhar minha prova.
Momentos antes de cair na água eu me dei conta que havia perdido todas as minhas coisas. Estava com a roupa do corpo, óculos, touca e meu age group da prova. Nesta hora bateu um certo desespero. Fui para todos os lados atrás da minha mochila e nada. Chegou a hora da prova. Respirei fundo, passei pelo balizamento e cheguei até a piscina. Estava sem meu documento. A árbitra da minha raia chamou o árbitro geral, ele veio até mim e contei o que havia acontecido com as minhas coisas. Ele permitiu que eu nadasse, com o compromisso de apresentar meu documento quando o encontrasse.
Nadei como nunca, baixei meu tempo em quatro segundos, não vi ninguém na piscina. Quando bati a mão olhei para a arquibancada, vi o pessoal da equipe comemorando, meus pais emocionados, foi incrível!
História a parte, hoje posso concluir que, mesmo sem saber na época, naquele dia fiz um ótimo trabalho de ativação muscular. Eu havia corrido rua, abaixado diversas vezes e feito uma série de movimentos que ativaram meus músculos (sem contar a alta dose de adrenalina por ter perdido tudo que tinha naquele momento).
Atualmente, é muito evidente a necessidade de um trabalho bem feito de ativação muscular. Um grande exemplo é o caso do nadador Nicholas Santos. No mundial de Budapeste em 2022 afirmou ter feito musculação no dia da final dos 50m borboleta em que conquistou o terceiro lugar: “Para esse Mundial eu acabei aumentando o tempo de descanso. Para quem não entende, descansar nesse nível por um tempo um pouco grande já dá muita diferença. Nos primeiros dias em Budapeste, eu nadava e sentia meu braço passar meio que reto na água, sem puxar tanto. Com isso eu decidi ir para a academia no dia da final. Normalmente eu paro uns 3 ou 4 dias antes da competição, mas mudei no Mundial. Acabei fazendo uma série mais curta e intensa. Apostei em exercícios com até quatro repetições e muita carga. Um exemplo é o agachamento que eu fiz uma série de quatro movimentos com 120kg. Isso é um peso alto para se fazer no dia da prova. Saí da academia me sentindo bem melhor, me senti o Nicholas mesmo”, comentou o nadador na época.
Fisiologicamente a ativação muscular aumenta a circulação sanguínea nos músculos, aumenta os impulsos nervosos enviados pelo cérebro, aumenta a temperatura corporal, melhora a viscosidade do tecido muscular, consequentemente melhorando o desempenho muscular.
A ativação muscular feita de forma correta, auxilia em contrações musculares mais potentes e movimentos mais fluidos e eficientes, poupando os sistemas cardiovascular e musculoesquelético e diminuindo, em consequência, o cansaço, as compensações e as chances de lesão.
Vale ressaltar que exercícios de ativação muscular não são alongamentos, não são iguais para todas as modalidades e não devem ser cansativos. Sua função principal, como explicado anteriormente é somente acordar o conjunto cérebro/músculo para a atividade a ser executada em sequência.
Apenas para terminar a história, fui quarto colocado no Campeonato Paulista e acabei encontrando minhas coisas.
* Thiago Medeiros Rodriguez é fisioterapeuta, nadador e treina atualmente com a equipe Samir Barel Assessoria Aquática
Oi amigo sou professor de educação física, nadador master e treinador, gostaria que se possível me passar mais informações de como pode ser feito essa ativação, se para cada estilo tem exercícios diferentes e outras informações que vc achar importante.
Geofran, boa noite!
Será um prazer te ajudar. Vou fazer um conteúdo abordando a sua questão. O que acha?
Caro Thiago, se possível gostaria de saber quais exercícios de musculação para quem nada crawl, em relação a ativação.