A Federação Internacional de Natação (FINA) divulgou, na última semana, uma carta aberta aos atletas sobre a volta aos treinamentos pós-pandemia do COVID-19. A carta é assinada pelo médico Cees-Rein van den Hoogenband, pai do ex-nadador e campeão olímpico Pieter van den Hoogenband.
Na carta, o médico holandês explica que o Comitê de Medicina Esportiva (SMC) da FINA trabalha seguindo as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e agências governamentais para a volta aos treinos. Ele reforça que atletas que foram forçados a uma pausa sem precedentes e prolongada das rotinas de treinamento habituais, podem experimentar os efeitos físicos do “destreinamento”.
“O destreinamento é um fenômeno fisiológico natural que ocorre semanas e meses após um indivíduo cessar o treinamento regular. Isso resulta em uma eficiência diminuída do coração e pulmões para transportar oxigênio e usá-lo nos músculos ativos (ou seja, eficiência cardio-respiratória reduzida) e uma capacidade diminuída do músculo esquelético para exibir força, flexibilidade e resistência (ou seja, capacidade musculoesquelética reduzida). Dadas as mudanças no gasto de energia, as necessidades nutricionais individuais também mudarão”, comentou o médico o documento.
Ainda na carta, ele explica que esses problemas já foram antecipados e, em certa medida, minimizados por exercícios em terra, mas reforça que a aptidão esportiva específica para atletas aquáticos só pode ser totalmente alcançada através de atividades aquáticas.
O Comitê Esportivo da FINA aconselha uma retomada gradual do treinamento, equilibrando as atividades baseadas na água e na terra e aumentando esses elementos lentamente, começando com exercícios de baixa e média intensidade. “Isso permitirá que seu corpo se reajuste e minimize o risco de lesões por uso excessivo devido à falha na adaptação ao aumento da carga de trabalho. As demandas crescentes de energia do treinamento também exigirão ingestão nutricional adequada”, comentou o médico no documento.
A FINA também sabe do impacto psicológico que a pandemia do COVID-19 teve nos atletas, afetando interações e rotinas normais e como consequência do adiamento ou cancelamento dos eventos da entidade. “O retorno à competição levará vários meses e a FINA levará isso em consideração ao tomar decisões futuras. Os membros do SMC da FINA permanecem disponíveis para responder a quaisquer perguntas específicas que você possa ter sobre estes ou outros assuntos relacionados à saúde e bem-estar do atleta em todas as disciplinas aquáticas”, completou.
No final da carta, van den Hoogenband ainda enfatiza que o desejo da FINA é “que cada um de vocês desfrute de uma retomada segura e sem intercorrências do treinamento e de um retorno bem-sucedido ao condicionamento físico da competição”.