* por Taciana Hirota
É tão contraditório pensar que nossa vida começa imerso no líquido amniótico na barriga da mãe e, depois que ele nasce, o ambiente aquático nem sempre é um meio para desenvolvê-lo.
Na nossa cultura, o banho ainda é visto como higiene e não como uma forma de dar continuidade a essa relação que o bebê tem com a água. Infelizmente ainda existe o medo de molhar o rosto ou a orelha do bebê durante o banho o que dificulta a adaptação dele nesse meio (esses estímulos no banho devem ser realizados com a ajuda de um profissional para desenvolvê-lo de forma adequada e assim não traumatizar o bebê) .
Quando nascemos, temos alguns reflexos de transição do meio aquático (vida intra-uterina) ao meio terrestre (vida extra-uterina), como o reflexo respiratório que por poucos segundos o bebê realiza o bloqueio respiratório quando a água cai no rosto e o reflexo da natação do qual o bebê, quando sustentado por um adulto na água, realiza movimento de braços e pernas. Ambos reflexos duram até aproximadamente os 6 meses de idade.
Vale lembrar que os reflexos são movimentos involuntários, ou seja, automáticos.
Além disso, um estudo realizado na Griffith University (Austrália) realizado pelo departamento de Educação com mais de 6.000 crianças durante mais de 3 anos comprovou que as crianças que participaram de aulas de natação desde bebê são mais desenvolvidos nos aspectos relacionados à alfabetização, à identificar cores, formas, a respeitar os comandos, etc. do que os que não participaram.
Dito isso, se a relação com a água não é desenvolvida durante a sua vida, cada vez mais o ser humano se afasta do ambiente no qual ele foi concebido e o resultado disso são os acidentes na água.
No Brasil, estima-se que ocorrem 100 mil casos de afogamentos anualmente, incluindo afogamentos fatais e não fatais – com ou sem sequelas, ou seja, 15 pessoas morrem afogadas diariamente no país (uma morte a cada uma hora e meia).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 235.000 pessoas morrem afogadas anualmente no mundo, porém apenas 40% dos países relatam dados sobre afogamentos, isso quer dizer que ainda há muitos países não tem números confiáveis ou não fazem esse tipo de levantamento. Calcula-se que os dados sobre afogamentos fatais são de cinco a dez vezes o registrado. Mesmo assim, ele é uma das principais causas de morte no mundo!
Com o objetivo de profissionalizar a natação infantil no Brasil e disseminar a importância do nadar para o desenvolvimento global da criança, o Instituto de Natação Infantil (INATI), liderado por uma das principais referências de natação infantil, Sandra Rossi Madormo, que divide a jornada com seu marido Rafaele Madormo e juntos já nos representaram em mais de 12 países em palestras e congressos, criaram o “Mês Nacional de Segurança Aquática – NMNSA”.
Durante o mês de novembro, às vésperas do verão (época de maior incidência de afogamentos), o movimento criado desde 2012 foi inspirado em países como Estados Unidos e Austrália e visa estimular escolas de natação, academias, clubes, entidades e órgãos governamentais a oferecer informação à população sobre o grave problema de afogamento no Brasil, uma das principais causas de morte por acidente, em especial de crianças.
Durante o Mês Nacional de Segurança Aquática, o INATI faz uma intensa campanha nas suas redes sociais (@inati.brasil) e em seu site (www.inati.com.br) onde os materiais, como jogos infantis, banners e cartazes podem ser baixados gratuitamente sobre a conscientização e a prevenção dos acidentes relacionados à água.
O Mês Nacional de Segurança Aquática em 2020 contou com mais de 1.500 locais e profissionais, em 24 estados. Com o sucesso da iniciativa para a conscientização da população, algumas cidades como São Paulo, Londrina, Franca, entre outras, estabeleceram, através de lei municipal, a comemoração oficial em seus municípios, nesse período, para falar sobre a importância da prevenção no combate aos afogamentos.
Confira abaixo o vídeo de lançamento da campanha desse ano:
Como participar?
Cada local ou profissional autônomo que decide participar, pode organizar suas atividades de forma independente. Essa liberdade é chave para a adequação ao calendário dos locais e pessoas participantes. Exemplos de atividades: aula específica sobre segurança aquática, distribuição de materiais informativos, palestras, post em redes sociais, oferecer aulas especificas de segurança aquática, palestras em escolas públicas etc.
A melhor solução para esse grave problema é a conscientização da população e, para isso, é importante que as pessoas compartilhem essas informações e saibam o que fazer para se prevenir e também como reagir em caso de acidente. Para fortalecer a campanha, o Aquadictus em parceria com o INATI e a SWIM CHANNEL produziu o vídeo: “A Segurança Aquática” com instruções relacionados a esse tema. Confira o vídeo:
Faça a sua parte e junte-se a essa causa compartilhando essas informações, afinal nós nunca vamos saber quando um acidente pode acontecer!
Prevenir é melhor que remediar!