Daqui a exatos 50 dias os principais nadadores do mundo cairão na piscina do Estádio Olímpico Nacional para as disputas dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. 50 é também o número da prova mais curta e mais rápida da modalidade, que também é a caçula do programa olímpico. Ela foi adicionada ao evento apenas na Olimpíada de Seul-1988. Mas como terá sido a edição de estreia desta prova 28 anos atrás?
Uma curiosidade é que a prova masculina estava desfalcada de seu principal favorito. Meses antes dos Jogos o sul-africano Peter Williams havia batido o recorde mundial da distância ao marcar 22s18 em uma competição disputada nos Estados Unidos onde ele treinava, estudava e morava. Na época vigorava na África do Sul o regime racista do apartheid e o país estava suspenso de competições pelo Comitê Olímpico Internacional. Devido a essa punição ao país, Williams não pode nadar em Seul.
Um adversário a menos para aquele que foi o grande nome da natação masculina: o americano Matt Biondi. O atleta chegou a Coreia do Sul para nadar sete provas e tentar igualar o recorde de vitórias do compatriota Mark Spitz. Ele até que subiu sete vezes ao pódio, porém, apenas cinco no degrau mais alto. Uma dessas medalhas douradas veio nos 50m livre. E com uma performance histórica. Biondi foi o mais veloz nas eliminatórias e repetiu a dose na final com um novo recorde mundial: 22s14, apenas quatro centésimos mais veloz do que Williams. O pódio ainda teve o americano Tom Jaeger com a prata (22s36) e o soviético Gennadiy Prigoda (22s71).
A prova feminina não teve recorde mundial, mas viu a principal favorita ser derrotada. A chinesa Yang Wenyi havia batido a marca mundial meses antes dos Jogos com 24s98, tornando-se a primeira mulher da história a nadar a distância abaixo dos 25 segundos. Uma curiosidade é que o recorde da chinesa e o de Williams ocorreram no mesmo dia: 10 de abril de 1988, mas em locais diferentes. O dele em Indianápolis, nos Estados Unidos, e o dela em Guangzhou, na China.
Wenyi fez o melhor tempo das eliminatórias em Seul, porém, foi surpreendida na final por Kristin Otto que venceu com 25s49. Representando a Alemanha Oriental, a atleta de 24 anos foi apenas 15 centésimos mais veloz e levou a medalha de ouro. Sua compatriota Katrin Meissner e a americana Jill Sterkel dividiram amedalha de bronze com 25s71. Otto teve uma campanha de 100% de aproveitamento em Seul, com seis provas disputadas e seis medalhas de ouro em sua única participação olímpica. Em Los Angeles-1984 ela vivia em grande fase, mas foi prejudicada pelo boicote dos países comunistas e ficou de fora dos Jogos.
Desde então diversos nomes já foram consagrados na distância como Alexander Popov, Inge de Brujin, Gary Hall Jr e o brasileiro Cesar Cielo. A prova que muitas vezes era tido como a menos importante ganhou espaço e visibilidade. Hoje é uma das provas mais populares e foi a que teve mais procura por ingressos no Rio-2016. E agora, o que o destino nos reserva para daqui 50 dias?
Por Guilherme Freitas