Por Thiago Medeiros Rodriguez *
No mês de outubro é um mês dedicado à conscientização das mulheres e de toda sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e mais recentemente sobre o câncer de colo do útero. Por isso, hoje quero contar a história de uma paciente (irei chamá-la de K para preservar sua identidade), uma nadadora que me procurou para poder voltar a nadar após o tratamento de um câncer de mama.
O tratamento cirúrgico e os tratamentos complementares de câncer de mama podem desencadear sequelas físicas como diminuição da amplitude de movimento do ombro, alteração da sensibilidade tátil e dor. No caso de K, após o tratamento para o câncer ela passou a sentir muitas dores do ombro, associado a isso havia um deslocamento do implante mamário e muita limitação dos movimentos. Porém a maior queixa dela não era com relação à dor ou a falta de movimentos e sim, como isto a atrapalhava de nadar.
A natação era, de fato, muito importante para ela. Um momento de relaxamento, de conexão, de liberdade. Este é um ponto fundamental do meu trabalho, enxergar qual a verdadeira dor do paciente. No caso de K, a dor de não conseguir nadar era muito maior e mais importante para ela do que a dor física que sentia. Por isso, minha missão era devolvê-la para as piscinas.
Foi necessário muito trabalho, exercícios, paciência, perseverança, confiança, algumas lágrimas, conversas e a certeza de ambas as partes de que aquilo daria certo. Embora não tenha conseguido retomar o nível de desempenho semelhante ao período pré câncer, K podia novamente nadar e isso que importava.
Por fim fica o meu alerta, busquem sempre conhecimento e informação. As mulheres para cuidarem de si mesmas, e os homens para cuidarem das mulheres que amam. Uma doença detectada em um estágio inicial tem tratamento e um prognóstico muito bom.
* Thiago Medeiros Rodriguez é fisioterapeuta, nadador e treina atualmente com a equipe Samir Barel Assessoria Aquática