A corte alemã adiou a sentença da ação movida por André Brasil contra o Comitê Paralímpico Internacional (IPC). A decisão, que seria divulgada nesta semana, precisou ser adiada em mais sete dias pela Corte Regional de Colônia, na Alemanha, que analisa o caso.
O nadador brasileiro foi reclassificado em abril de 2019, um pouco antes do Open Caixa, maior competição paralímpica do país, tornando-se inelegível para competir com atletas com deficiência nas provas onde é especialista. O atleta era da classe S10 (a mais alta e com menor deficiência) nas provas de borboleta, livre e costas e como não existe uma categoria maior acabou tendo que parar de nadar, com exceção das provas de nado peito que não é sua especialidade.
André tem 14 anos de carreira e soma diversas conquistas internacionais: 14 pódios paralímpicos, 32 em Mundiais e 21 em Jogos Parapan-Americanos. Aos dois meses de idade ele teve poliomielite após reação à vacina que geraram sequelas na perna esquerda. “Estou esperançoso para que a justiça, de certa forma, seja feita e entendam que estamos falando de um sistema subjetivo, de um esporte que caminha a passos curtos na classificação funcional”, diz André, em entrevista à Agência Brasil.
Os atletas são submetidos a avaliações fora e dentro da água e recebem uma pontuação que pode chegar a 300. Para ser considerado apto às provas paralímpicas, o nadador pode somar, no máximo, 285 pontos. No caso de Andre, ele obteve um ponto a mais na reclassificação.
“Tive a pontuação necessária [para seguir na classe S10] fora da água. Por conta de um movimento no tornozelo [na perna esquerda, dentro da água], de zero a cinco pontos [possíveis], recebi três. Isso deu um ponto a mais, que me tira do esporte. Um ponto pelo olho nu de alguém. Quando trago para a ciência, exames em máquinas específicas mostram que o mesmo movimento é nulo [comparado ao de nadadores sem deficiência]. Se é nulo, é zero. Não tenho movimento de lateralidade [no pé]”, afirma André.
“Nos meus primeiros Jogos Paralímpicos, em Pequim, nadei para 51 segundos nos 100m livre. Foram mais ou menos dois, três segundos de vantagem para o segundo. Dois ciclos depois, a gente tinha cinco, seis atletas nadando na casa dos 51 segundos. Minha deficiência não mudou. Estou sendo julgado em cima de uma habilidade construída no esporte, não na deficiência. Ninguém me explicou, cientificamente, porque estou fora”, completa.
O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), que apoia André argumentou em nota que “o procedimento de mudança das regras de classificação não foi transparente e nem baseado em critérios científicos, o que trouxe na verdade distorções para o sistema na natação, alterando a classe de muitos nadadores”. Outro questionamento do CPB e André fazem diz respeito à presença da chefe de classificação do Open Caixa na banca.
“Na minha banca [de classificação], as pessoas falaram que olharam minhas documentações, [resultados de] exames específicos que comprovam a deficiência. Posteriormente, fizemos avaliações subaquáticas, onde tivemos gráficos, estudos. Quero ter a oportunidade de ser reclassificado de forma justa e simples. Se vou ou não voltar para o esporte? Torço que sim. Se terei chance de ir à Tóquio, não sei. Se tiver a oportunidade, vou sonhar em, de repente, pegar uma final. Dar o máximo pelo que fiz a vida inteira. Estou em um limbo há quase dois anos. Esse, talvez, seja o grande incômodo interno”, conclui André.
Aos 36 anos, o recordista mundial da classe S10, não perdeu seus recordes e não perdeu suas medalhas, mas a possibilidade de seguir competindo em suas provas principais e por seu sonho de disputar as Paralimpíadas de Tóquio, que seria sua última.
Espero que dê tudo certo! Parabéns pela matéria.
Karina, Parabéns pela materia. Pena perdermos o André nos podiam paraolímpico.