Por Thiago Medeiros Rodriguez *
As Olimpíadas de Paris terminaram mas nem vai dar tempo de sentir saudades (ainda bem!). No dia 28 de agosto começam as disputas da Paralimpíadas. Você já se perguntou como é a classificação dos atletas para garantir disputas justas e equilibradas? Hoje vou contar um pouco como é feita a definição de classes dos atletas no esporte paralímpico.
Na natação, competem atletas com deficiência física, visual e intelectual, em um total de 14 classes. Atletas com deficiência física são divididos em dez classes funcionais, os atletas com deficiência visual em três classes visuais, e há apenas uma classe para atletas com deficiência intelectual.
As classes que levam os números de 1 a 10 identificam os atletas com deficiência física. Atletas com diferentes deficiências podem competir entre si, uma vez que as classes desportivas são alocadas com base no impacto que a deficiência tem na natação, e não na deficiência em si. O ex-nadador Daniel Dias, por exemplo, a maior parte da carreira foi da classe 5, porém alterações dos critérios de classificação em 2019 fizeram com que Daniel mudasse para classe 6 (com menores dificuldades motoras), sendo um dos fatores que o levaram a deixar as piscinas.
As classes de 11 a 13 identificam os atletas com deficiência visual. Sendo que os atletas da classe 11 são atletas com acuidade visual extremamente baixa e/ou sem percepção luminosa. Os nadadores devem usar óculos escurecidos durante as corridas para garantir uma competição justa. Os da classe 12 são atletas com acuidade visual superior aos atletas que competem na classe esportiva S/SB11 e/ou campo visual inferior a 10 graus. E os da classe 13 são atletas com deficiência visual menos grave elegíveis para esporte paraolímpico. Eles têm a mais alta acuidade visual e/ou um campo visual inferior a 40 graus. Por sua vez, a classe 14 identifica os atletas com deficiência intelectual.
Além dos números, as classes recebem também as letras S, SB ou SM que se referem aos nados que este indivíduo pode nadar, seguida do número da classe. As classes com prefixo S (swimming), podem competir nas provas de nado livre, nado costas e nado borboleta, com SB (swimming breaststroke) pode competir nas provas de nado peito e SM (swimming multi) no nado medley. Um mesmo atleta pode ter classes diferentes, de acordo com o estilo: ele pode ser um S5 e SB4 ao mesmo tempo.
Cada atleta possui uma limitação diferente, então junto a essa classe ele pode receber também um código de exceção, que sinalizará aos árbitros possíveis adaptações e particularidades que esse indivíduo possa ter. Essas adaptações são feitas nas largadas, viradas e chegadas. Os nadadores com deficiência visual recebem um aviso do “Tapper”, uma pessoa de apoio que, por meio de um bastão com ponta de espuma, recebem um toque de aviso quando estão se aproximando das bordas da piscina.
A largada também pode ser feita na água (para qualquer estilo, e não somente no costas, como é na natação convencional), principalmente no caso de atletas de classes mais baixas (que possuem mais limitações), que não conseguem sair do bloco.
Os atletas competem nos quatro estilos: livre, costas, borboleta e peito em provas divididas nas categorias masculino e feminino. As distâncias das provas vão de 50 a 400 metros, além de revezamentos, e as séries são divididas de acordo com a classe funcional dos atletas.
Vale sempre ressaltar que as classes esportivas para atletas com deficiência física são alocadas a eles levando em consideração o impacto que a deficiência tem no nado e não a própria deficiência.
* Thiago Medeiros Rodriguez é fisioterapeuta, nadador e treina atualmente com a equipe Samir Barel Assessoria Aquática