Por Thiago Medeiros Rodriguez *
Sabe o que Gustavo Borges, Fernando Scherer e Cesar Cielo têm em comum? Não estou falando das medalhas olímpicas e nem do fato de serem referências da natação brasileira. Os três são asmáticos e encontraram na natação uma forma de controlar os sintomas da doença.
Até os 12 anos, Fernando Scherer, o Xuxa, sofria com os sintomas mais comuns da asma mal controlada, como falta de ar e chiado no peito. Apenas tratava as crises com medicamentos de resgate. Ao procurar tratamento, um especialista lhe indicou exercícios físicos. Foi quando, aos 14 anos, começou a nadar por indicação médica, tornando-se medalhista olímpico e um dos nomes mais conhecidos da natação brasileira. Já Cesar Cielo começou mais cedo, aos 8 anos, por indicação dos próprios pais.
A asma é uma condição inflamatória crônica comum que afeta os pulmões e as vias aéreas, causando dificuldade na passagem do ar e gerando sintomas como falta de ar, chiado no peito, respiração ofegante, tosse e sensação de aperto no peito. Esses sintomas podem ser desencadeados por diversos estímulos como fumaça, exercício, ar frio e pólen.
No Brasil, estima-se que 20 milhões de pessoas sofram com a asma, e a doença não controlada pode levar à morte. Felizmente, existem tratamentos eficazes para a asma, como medicamentos de controle e de resgate, além de terapias complementares como a natação.
A natação é uma atividade recomendada para muitas crianças e adultos com asma e está associada a uma série de benefícios para a saúde, incluindo melhor condicionamento físico e bem-estar mental. Tradicionalmente, o esporte é indicado para pessoas com asma, pois o ambiente quente e úmido tem um menor potencial de desencadear crises de asma. No entanto, alguns estudos mostram uma possível ligação entre os sintomas da asma em piscinas tratadas com cloro. O cloro da piscina e seus subprodutos podem agir como um irritante das vias aéreas, desencadeando crises de broncoespasmo.
É importante não confundir a asma com o broncoespasmo induzido pelo esporte (BIE), antigamente chamado de “asma de atleta”. Ele é definido pela obstrução transitória das vias aéreas e redução do fluxo de ar durante e após o exercício físico vigoroso. O atleta tem sintomas como tosse, falta de ar e chiado, sendo ele asmático ou não. Ambas patologias se manifestam de maneira semelhante. O atleta com asma brônquica apresenta a “crise” e o broncoespasmo. A diferença, no entanto, é que o asmático terá os sintomas mesmo sem fazer exercício, enquanto o não-asmático terá os sintomas somente durante e após o exercício.
A asma não é uma limitação para a prática da natação, na verdade, a atividade pode ser uma grande aliada no controle dos sintomas da doença. É importante ressaltar que o acompanhamento médico é fundamental para a escolha do tratamento mais adequado e para a prática segura de exercícios físicos. Com o tratamento correto e a prática regular de atividades físicas, pessoas com asma podem ter uma vida ativa e saudável.
* Thiago Medeiros Rodriguez é fisioterapeuta, nadador e treina atualmente com a equipe Samir Barel Assessoria Aquática